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Logística

Ferrovia é vital para o grande oeste catarinense

Projeto Ferrosul, o qual consiste na implantação de uma ampla rede logística de base ferroviária e vocação intermodal nos Estados do Paraná, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

“Tivemos um evento prestigiado por muitas lideranças políticas e empresariais, o que demonstra o interesse de todos em um bem comum: A criação da Ferrosul. A ferrovia contribuirá consideravelmente para o desenvolvimento econômico da nossa região e nesse seminário, foi possível reafirmar que esse projeto é vital para o grande oeste catarinense”, afirmou o presidente da Associação Comercial e Industrial de Chapecó (Acic), João Carlos Stakonski. A entidade organizou o 1° SEMINÁRIO DE CHAPECÓ SOBRE A FERROSUL, que ocorreu na última sexta-feira (08/07).

O evento possibilitou a reafirmação da necessidade de efetivação do projeto Ferrosu, o qual consiste na implantação de uma ampla rede logística de base ferroviária e vocação intermodal nos Estados do Paraná, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, além de movimentar e estimular as populações beneficiadas a instituir Fóruns Municipais, Regionais e Setoriais de fortalecimento do Projeto Ferrosul.

Stakonki observa que a partir das discussões, acredita-se que o investimento no Projeto Ferrosul será compensado, a curtíssimo prazo, tendo em vista a melhora da produtividade do sistema de transportes brasileiro e, e com ele, da economia nacional e sul-americana.

Debates
A economista, ex-diretora de estudos e projetos do Ministério dos Transportes e doutoranda em políticas públicas e formação humana, Ceci Juruá, falou sobre soberania e transporte ferroviário no Brasil. Segundo ela, o país sofreu um retrocesso na modernização do transporte ferroviário, pois o projeto da malha ferroviária foi pensado no século 19 e não sofreu ajustes de acordo com o desenvolvimento do Brasil. “Além de não dar continuidade ao projeto, nos anos 90 entregaram o sistema ferroviário ao estrangeiro, ou seja, à deterioração”, enfatizou.

O engenheiro civil Paulo Sidnei Ferraz, especialista em ferrovias, ex-chefe do escritório da RFFSA no Paraná e Santa Catarina, comentou sobre o modelo de concessão ferroviária no Brasil. De acordo com o engenheiro, a privatização nos anos 90 foi uma experiência que não deu certo, pois o que era pra ser uma saída para o aumento da oferta de transporte, redução de custos com frete e também redução do preço dos alimentos, resultou na demissão de 40% dos funcionários já no primeiro ano, “o que causou impacto em cadeia e consequência danosa ao desenvolvimento do país”.

Ao falar sobre a atual situação do sistema ferroviário brasileiro, no ponto de vista legal, o procurador da República Anderson Lodetti Cunha de Oliveira, com atuação na 5a Câmara do Ministério Público Federal, especializada na defesa do patrimônio público, destacou que a reconstrução das ferrovias no Brasil encontrará desafios. “Os asfaltos já cobriram as linhas férreas, tem ainda todo o processo de indenização, que podem render percalços. Porém, o Ministério Público será parceiro do legislativo para exercer o controle das obras de reconstrução”, defendeu.

O deputado federal e presidente da Frente Parlamentar das Ferrovias, Pedro Uczai, explanou sobre as atividades que estão sendo desenvolvidas em todo o país para discutir a Ferrosul e os projetos de integração e desenvolvimento, entre elas, os seminários regionais em todas as regiões do país e o grande encontro nacional, em outubro, para definir pautas de sustentação às estratégias do futuro. A revisão dos contratos de concessão, o modelo de gestão de construção e operação do sistema, o papel do BNDES em relação às ferrovias e a matriz ferroviária ideal para o Brasil são alguns dos questionamentos discutidos nos encontros. “Entendemos que o transporte é o meio e não o fim. Então, não pode ser o grande negócio econômico, mas deve beneficiar o produtor e o consumidor brasileiro”, salientou.

Entre outras questões, o deputado estadual Raul Carrion, presidente da Frente Parlamentar Gaúcha das Ferrovias, enfatizou o abandono das linhas férreas por empresas que administram as atuais concessões. O deputado cobrou da justiça e do Ministério Público que exijam a continuidade dos serviços. “O contrato tem que ser honrado. Não é possível aceitar que apenas 10 mil dos 29 mil KM concedidos a empresas privadas estejam operando”, avaliou.

Também contribuíram com o debate o senador e ex-governador do Estado do Paraná, Roberto Requião, o economista José Carlos de Assis.