Os consumidores dos EUA economizariam US$ 4,6 bilhões se forem suspensas as barreiras à importação de açúcar, etanol, têxteis e vestuários, tabaco e outros produtos sensíveis, que afetam exportadores como o Brasil.
A constatação é da Comissão de Comércio Internacional dos EUA, justamente quando o país é acusado de ser, na prática, o único a bloquear a conclusão da Rodada Doha de liberalização de comércio, com exigências exageradas e sem querer pagar o preço com mais abertura de seu mercado.
Segundo a comissão, as exportações aumentariam em US$ 5,5 bilhões, e as importações, em US$ 13,1 bilhões, por volta de 2013, com a remoção de tarifas e cotas tarifárias (que limitam a entrada dos produtos) sobre uma série de bens importados.
O maior efeito seria no caso de têxteis e vestuário. Os consumidores americanos poderiam se beneficiar de preços menores, enquanto a contração da própria indústria doméstica limita os efeitos da abertura sobre o setor. O ganho seria de US$ 2,3 bilhões.
A remoção de cotas para importação de açúcar refinado e bruto resultaria numa queda do preço para a indústria, que variaria de 10% a 32%. O ganho para o consumidor seria de US$ 514 milhões.
O sistema de cotas dá uma parte do mercado para produtores caros, como a República Dominicana, ao custo de produtores baratos, como o Brasil e a Tailândia, constata a comissão.
A liberalização no comércio de etanol beneficiaria os consumidores americanos em US$ 356 milhões. O efeito sobre produção e emprego americano seriam mínimos, declinando não mais de 2%. O valor das importações poderia aumentar 183%.
A importação de etanol é restritiva sobretudo para o Brasil. Brasília tem insistido em negociar com os EUA para ter real acesso ao mercado americano. Atualmente, não há importação direta do combustível brasileiro.
Na prática, o governo de Barack Obama vem elevando barreiras ao comércio. Comprou uma briga com a China ao sobretaxar os pneus chineses, sofrendo retaliação no caso dos frangos exportados para o mercado chinês.
Agora, Obama e o Congresso estão desenvolvendo novas exigências de segurança alimentar que serão aplicadas tanto para produtos e processadores domésticos quanto às importações de alimentos, segundo o Global Trade Alert.