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Economia

Fim de benefícios fiscais e alimentos vão pressionar inflação no início de 2013

Pressões em alimentos, duráveis e alguns preços administrados logo no início do ano podem levar IPCA a acumular alta de 6% em março de 2013, mesmo com queda da tarifa de energia.

Fim de benefícios fiscais e alimentos vão pressionar inflação no início de 2013

A inflação no primeiro trimestre do próximo ano será mais alta do que a observada no mesmo período de 2012, apesar do alívio previsto por causa dos cortes das tarifas de energia. Para economistas, o comportamento muito favorável dos alimentos neste início de ano não irá se repetir no começo de 2013. Esse cenário, combinado à perspectiva de reajuste dos combustíveis no período, pode levar o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulado em 12 meses a encostar em 6% em março de 2013.

Analistas afirmam que boa parte da aceleração esperada para esse período virá logo em janeiro, em função de pressões sazonais em alimentação, mas também por causa do reajuste de preços administrados e fatores pontuais, como a expectativa do fim do IPI para automóveis.

Fábio Romão, economista da LCA Consultores, projeta que a inflação irá encerrar 2012 com alta de 5,5% e acelerar para avanço de 6% em março, sempre no acumulado em doze meses. Na conta da LCA, está contemplada perspectiva de queda de cerca de 16% das tarifas de energia ao consumidor no período, assim como reajuste do preços dos combustíveis.

Para o economista, alimentos e bebidas serão responsáveis por boa parte dessa aceleração. No ano passado, esse grupo teve alta de 1,3% entre janeiro e março, bastante inferior à média de 2,35% observada entre 2007 e 2012, nos cálculos de Romão. Em 2013, a expectativa é que o grupo tenha comportamento mais alinhado à sazonalidade, com alta de 1,95% no período, de acordo com as estimativas da consultoria. Assim, de avanço de 1,22% acumulada no primeiro trimestre deste ano, o IPCA deve subir 1,79% entre janeiro e março.

Thiago Curado, da Tendências, também projeta IPCA de 6% em março, no acumulado em doze meses. O economista, no entanto, estima que pouco menos da metade desse avanço ficará concentrado já em janeiro, com alta de 0,84% da inflação ao consumidor no mês. Para ele, isso irá ocorrer por causa das pressões sazonais sobre os preços dos alimentos. Além disso, nota, o fim redução do IPI para automóveis, linha branca e móveis, que a princípio expira no fim desse mês, também deve elevar os preços de duráveis no período.

Outro potencial de risco para o IPCA logo no início do ano se dá em função dos reajustes de tarifas de transporte urbano. No ano passado, por causa do ano eleitoral, não houve aumento das tarifas de ônibus em algumas capitais brasileiras, como São Paulo. Para Fabio Ramos, economista da Quest Investimentos, as altas não devem ocorrer logo em janeiro por causa dos prefeitos em primeiro mandato, mas é possível que em março as tarifas aumentem, afirma.

Para Luiz Roberto Cunha, professor de Economia na Pontifícia Universidade Católica do Rio (PUC-Rio), esse é o principal risco para inflação mais alta em janeiro. O professor trabalha com projeção de alta de 0,6% no primeiro mês do ano que vem e acredita que essa variação só será mais forte caso haja concentração de reajustes de tarifa de ônibus urbano no período, o que ele não considera provável. Em sua conta, já está embutido elevação do preço do cigarro, por causa do aumento anual de IPI para o produto.

Para os economistas, ainda é pequena a influência da desvalorização recente da taxa de câmbio. Para Curado, esse fator só terá reflexo sobre a inflação se for sustentada no médio prazo. “Se o câmbio ficar oscilando em torno de R$ 2,10, não haverá uma pressão adicional”.

Para Ramos, da Quest, a desvalorização do câmbio só seria incorporada aos preços caso a mudança de patamar fosse mais drástica, para algo entre R$ 2,15 e R$ 2,20.

A pressão esperada para o IPCA no início do ano, no entanto, não altera as expectativas dos economistas de que o Banco Central não irá subir juros em 2013.

Para Cunha, da PUC-Rio, o BC não reage à esse cenário porque a perspectiva é que a inflação acumulada em 12 meses volte a desacelerar a partir do segundo semestre, quando será eliminado o efeito do choque de commodities sobre os preços de alimentos.