Com o crescimento registrado em economias avançadas, como Japão e Alemanha (a segunda e a quarta maior do mundo, respectivamente), pouco mais de 25% do PIB global teve alta no segundo trimestre, indicando que o pior da crise pode ter terminado.
Na prática, isso significa que economias que representam cerca de US$ 16 trilhões (27% do PIB mundial) se expandiram de abril a junho em relação aos três meses anteriores. Isso leva em conta apenas os países que já divulgaram seus dados. Esse valor deve crescer mais nas próximas semanas, quando Brasil e Índia (que têm PIB superior a US$ 1 trilhão) apresentarem seus resultados, que também devem ser positivos.
No primeiro trimestre deste ano (comparando os mesmos 27 países), apenas China e Coreia do Sul, que representam cerca de US$ 4,5 trilhões (ou 7% do PIB global), haviam se expandido. No caso dos sul-coreanos, a alta foi de apenas 0,1% – ante 2,3% de abril a junho.
O crescimento agora de grande parte mundo do mundo desenvolvido foi fraco e ocorreu, em boa parte, porque os recuos dos dois trimestres anteriores foram muito fortes, com várias países registrando quedas recordes, mas analistas dizem que o processo de recuperação já começou, ainda que grandes economias como os Estados Unidos e o Reino Unido permaneçam em recessão.
Para Michael Mussa, que foi economista-chefe do FMI de 1991 a 2001, a crise chegou ao fundo do poço e estamos agora passando pelo processo de recuperação. Ao contrário de outros especialistas, que afirmam que a economia global deve sofrer novas caídas antes de se estabilizar, ele disse que o processo será em formato de V (isto é, a recuperação ocorrerá de forma rápida). Para ele, o PIB global deve se expandir em 4% no último trimestre deste ano e atingir no fim de 2010 os níveis pré-crise.
O atual economista-chefe do Fundo, Olivier Blanchard, seguiu caminho parecido ao de Mussa. Em artigo publicado ontem (18/08), disse que o processo de recuperação da crise teve início, porém alertou: a mudança de rumo da economia global não será simples. “A crise deixou cicatrizes profundas que afetarão tanto a oferta como a demanda nos próximos anos.”
Ele disse que não se deve esperar taxas muitos altas de expansão durante a recuperação e que, para que esse processo seja “sustentável”, os EUA devem aumentar suas exportações, ao mesmo tempo em que o resto do mundo, especialmente a Ásia, reduz as suas compras.
Países – Para Mussa (que hoje trabalha no Instituto de Economia Internacional, em Washington), a recessão nos EUA, que teve início em dezembro de 2007, também chegou ao fim no atual trimestre em termos de crescimento econômico, mas o desemprego vai chegar a cerca de 10% no final deste ano. Para o ano que vem, diz ele, a taxa deve ficar abaixo de 9% -ela está hoje em 9,4%, uma das mais altas em 26 anos.
Ele, que afirma estar otimista com a economia global, disse que ficou surpreso com o resultado da Europa (França e Alemanha saíram da recessão, e o PIB da zona do euro caiu apenas 0,1%, ante 2,5% no trimestre anterior) e que espera que os dados do bloco sejam positivos nos próximos meses -variando de país para país.
Sobre os emergentes, ele afirma que o Brasil deve apresentar dados positivos significativos, e os países asiáticos (que tiveram quedas de até 20%) também chegaram ao fundo do poço, enquanto outros, como o México, ainda devem sofrer mais com a crise.