O ministro da Agricultura da França, Bruno Le Maier, esteve reunido ontem (07/04) com o ministro da Agricultura do Brasil, Wagner Rossi. Durante a reunião, Le Maier afirmou que o governo francês não defende o controle de preço das commodities agrícolas.
Maier disse que os franceses não concordam com mecanismos de controle de preços das commodities agrícolas. “O controle de preços pode levar a catástrofes. A melhor forma de reduzir a volatilidade dos preços é aumentar a produção”, declarou. Le Maire argumentou que a França defende a regulação dos mercados financeiros, e não o controle de preços das commodities “Entendo a preocupação do Brasil, porque a Europa teve esse controle por muitos anos. Mas tanto o Brasil como a França se opõem a qualquer controle de preços”, disse o representante da França. “É enorme a responsabilidade política nessa área. Não queremos passar na agricultura o que já enfrentamos com o setor imobiliário”, disse Le Maire, referindo-se à crise no setor imobiliário dos Estados Unidos, que explodiu na virada de 2007 para 2008, contaminando economias de todo o mundo. “Se não regularmos o mercado agrícola, será feito o mesmo erro que ocorreu com o mercado financeiro”, declarou o ministro francês.
O principal ponto da pauta de discussões entre os dois ministros foi o plano de ação que os franceses levarão à reunião de ministros de agricultura do G-20, que ocorrerá nos dias 22 e 23 de junho, em Paris.
Le Maire disse que esse plano de ação, dividido em quatro grandes pontos, envolve maior transparência no controle de estoques, mais cooperação entre os países do G-20 na regulação do mercado de produtos agrícolas, apoio a países pobres e, principalmente, combate à especulação nos mercados de alimentos. Rossi disse que o Brasil apoia a proposta e elogiou o fato de a França ter se posicionado contra qualquer mecanismo de regulação de preços agrícolas. Rossi estará presente na reunião do G-20 agrícola
Segundo Le Maire, é necessário construir um novo mecanismo global de maior ajustamento na produção agrícola, pois há perigos eminentes. “Hoje existem dois riscos. O primeiro é o perigo de uma bolha de especulação sobre os produtos agrícolas. O segundo é o risco de uma produção insuficiente, que pode gerar revoltas causadas pela fome”, afirmou o ministro francês. Para Le Maire, os países que são os principais produtores mundiais precisam se unir para combater esses problemas, inclusive oferecendo apoio aos países menos desenvolvidos.