Redação (29/06/06)- A iniciativa do comissário de Comércio da União Européia (UE), Peter Mandelson, de sinalizar com o possível corte médio de tarifas agrícolas de 54% provocou reações imediatas da França, país que mais resiste à abertura desse setor.
Em seguida à declaração do comissário, no prédio da Organização Mundial do Comércio (OMC), os ministros franceses Christine Lagarde, de Comércio Exterior, e Dominique Bussereau, de Agricultura e Pesca, insistiram que é “inaceitável” a idéia de convergir a proposta européia para a do G-20 e desautorizaram Mandelson.
“Essa idéia simplesmente não está em jogo. Não tenho voz para falar pela União Européia, mas não vamos cair na proposta do G-20. Isso é inaceitável”, afirmou Lagarde. “Não existe nenhum mandato que permita a flexibilização da proposta agrícola em direção à posição do G-20”, reiterou Bussereau.
O ministro de Agricultura ressaltou, ainda, que a França teria como aliados dentro do bloco europeu a maioria dos seus 25 membros. Citou Espanha, Itália, Alemanha, Portugal, Irlanda, Chipre e Malta.
Entretanto, a Áustria, que preside a Comunidade Européia neste semestre, não teve a mesma compreensão. Ao lado de Mandelson, o ministro austríaco de Comércio, Martin Barteinstein, havia afirmado que o mandato concedido pelos países do bloco para a Comissão negociar a Rodada Doha tem a flexibilidade necessária para que proposta de corte médio de 54% possa ser colocada sobre a mesa.
Representantes das delegações da Itália e da Espanha, entretanto, observaram que há uma disputa interna, na UE, para saber quem vai pagar a conta do corte de tarifas na área agrícola. Os países mediterrâneos argumentam que as tarifas de seus produtos já foram suficientemente reduzidas, enquanto que as carnes, os lácteos, as frutas e os cereais produzidos pelos países do Norte – França, Alemanha, Inglaterra e outros – continuam protegidos.