Apesar da expressiva queda dos cotações do milho e da elevada produção de frango registrada no segundo trimestre, o preço médio da carne de frango em São Paulo voltou aos patamares recorde do início do ano, aponta levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), órgão vinculado à Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP).
No acumulado de setembro até o dia 26, o preço médio do frango congelado no atacado da Grande São Paulo, principal região consumidora do país, foi de R$ 4 por quilo, valorização de 18,6% ante a cotação média de R$ 3,37 por quilo apurada em setembro do ano passado, conforme o Cepea. Trata-se do maior valor para o ano de 2013, em termos nominais. Além disso, é a maior cotação, inclusive em termos reais, para qualquer mês de setembro desde o início da série histórica do Cepea, em 2004.
Para atingir esses níveis, os preços do frango desafiaram até mesmo a colheita recorde de milho no Brasil, grão que é o principal componente da ração animal das aves e cujas oscilações tem forte relação com os preços da carne. No acumulado do ano até setembro, o indicador Esalq/BM&FBovespa para o milho caiu 28,6%, a R$ 24,34 a saca.
Segundo a analista do Cepea, Camila Ortelan, apesar de a queda do milho reduzir de maneira importante os custos de produção de carne de frango, o que vem ditando os preços da carne neste momento é a oferta restrita de frango, aliada à recuperação das exportações e da demanda interna. “Houve redução do alojamento de pintos de corte alguns meses atrás e isso fez com que oferta tivesse restrição”, afirma a analista.
Na avaliação de Camila, a redução dos alojamentos de pintinhos que agora se reflete na escassa oferta de frango é uma consequência do ritmo fraco verificado no início do ano tanto nas exportações brasileiras do produto quanto na demanda interna, o que inclusive acendeu o alerta de empresas do porte da BRF, que no primeiro trimestre relatou dificuldade de vender volumes por conta da elevada inflação dos alimentos.
Não bastasse a fraca demanda dos mercados interno e externo no início do ano, a indústria avícola também teve de lidar com uma produção elevada. No segundo trimestre, os abates de frango no Brasil somaram 1,4 bilhão de cabeças, o maior nível da história, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A estratégia, então, foi reduzir a produção, explicou a analista do Cepea. O problema, agora, é que a demanda ganhou fôlego no mercado interno e externo.