Redação AI (21/09/06)- As exportações brasileiras de frango registraram o melhor desempenho do ano em agosto, mas o crescimento das vendas não deve se sustentar até dezembro, segundo o presidente da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frangos (Abef), Ricardo Gonçalves. “Não esperamos o mesmo ritmo. Foi um soluço e as vendas de setembro já apresentam retração”, afirmou, embora não tenha revelado em quanto as exportações deste mês recuaram até agora. Para ele, a demanda mundial ainda se ressente do surgimento de casos de gripe aviária na Europa, Ásia e África.
Gonçalves comentou que, em situações como esta, o consumo volta aos níveis pré-crise após seis a sete meses. “Esperamos que isso aconteça”. A Abef divulgou hoje que em agosto foram exportadas 299 mil toneladas de carne de frango, alta de 12,7% sobre o mesmo mês de 2005. Com esse volume exportado, a receita com os embarques foi de US$ 339,3 milhões, uma pequena valorização de 0,42% em comparação a agosto do ano passado. Mas apesar do crescimento nos embarques do mês passado, o volume acumulado das exportações entre janeiro e agosto de 2006 totaliza 1,725 milhão de toneladas e é 8,1% inferior ao registrado no mesmo período do ano passado.
Em receita, o acumulado dos oito primeiros meses do ano soma US$ 2,009 bilhões, quantia 7,7% menor do que a observada entre janeiro e agosto de 2005. A indústria ainda não conseguiu identificar a razão do aumento das vendas no mês passado. Entre as regiões que mais compraram do Brasil em agosto destaca-se o Oriente Médio, com a aquisição de 109 mil toneladas, a maior parte frango inteiro, um aumento de 142,76% ante as 44,9 mil t adquiridas em julho. A receita cambial foi 148% maior que em julho (de US$ 45,8 milhões) e totalizou US$ 113,8 milhões. As vendas para a Europa também aumentaram de forma significativa em agosto.
O volume cresceu 56,2% sobre as 37,5 mil t de julho para 58,6 mil t e a receita aumentou 56,8% de US$ 60,25 milhões para US$ 94,5 milhões. No acumulado do ano, porém, estas duas regiões compraram menos frango do Brasil na comparação com 2005, como as demais. De janeiro a agosto, a única classe de produtos a apresentar crescimento de vendas foi a do frango industrializado. De acordo com a Abef, os embarques neste segmento, de alto valor agregado, foram de 76.809 toneladas, aumento de 47,78%, e a receita acumulou US$ 171,477 milhões, ganho de 55,88% ante o mesmo período do ano passado.
Ricardo Gonçalves, porém, acredita que tal desempenho não deve se prolongar por conta das novas barreiras (cotas tarifárias) impostas pela União Européia (UE) e que ainda não têm data para começar a vigorar. O volume das cotas está sendo negociado entre Brasil e UE e deve ser definido ainda este ano. A UE compra hoje 87% das exportações brasileiras de carne de frango industrializada.
Com este cenário, a Abef manteve suas estimativas de queda nas exportações de 2006 ante 2005 tanto em receita quanto em volume. As vendas deverão fechar o ano com 2,589 milhões de toneladas embarcadas e receita de US$ 3,015 bilhões, ante US$ 2,846 milhões de t e US$ 3,509 bilhões em 2005. A queda projetada no volume é de 9% e, na receita, de 14,1%. O preço médio dos produtos de frango exportados também deverá recuar 4,9% de US$ 1,23 para US$ 1,17 o quilo. Ainda assim, o Brasil deverá fechar o ano como o maior exportador mundial de frango, à frente dos Estados Unidos, segundo colocado.