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Exportação

Frango brasileiro quer conquistar a África

<p>Gerente de Relações de Mercado da Abef, Adriano Zerbini, explica ações da entidade para entrar e manter produtos avícolas brasileiros no continente africano.</p>

A Associação Brasileira dos Exportadores de Frango (Abef), quer ampliar a presença de produtos brasileiros no continente africano. A África é o segundo continente mais populoso do planeta (atrás da Ásia) e o crescimento econômico de alguns países vem aumentando a taxa de urbanização, criando uma população que tende a migrar do consumo do frango fresco de criação caseira a um produto industrializado mais barato e de qualidade. As taxas de crescimento econômico do continente devem permanecer maiores que em alguns mais desenvolvidos, gerando expansão à classe média e aumentando a demanda por alimentos, principalmente proteínas. 

Os países africanos importaram 208 mil toneladas de frango brasileiro no primeiro semestre de 2009, ante 175 mil toneladas no mesmo período do ano anterior. Isso representou 11,5% das exportações totais de frango, em comparação aos 9,5% da primeira metade de 2008. “Vale dizer que, por razões históricas, a Europa tem presença muito mais forte no continente e os EUA vêm trabalhando para conquistar mercados nessa região do mundo. Acreditamos, porém, que a Europa vem perdendo força nestes mercados devido aos seus altos custos de produção. O que representa uma oportunidade para o Brasil”, explica o gerente de Relações de Mercado da Abef, Adriano Zerbini.

Neste contexto, representantes da Abef visitaram sete países (Nigéria, Senegal, Gana, Guiné Equatorial, Moçambique, África do Sul e Angola) nos últimos dois meses e mais quatro (Sudão, Líbia, Tunísia e Argélia) desde o início de 2009. Uma das ações da entidade no continente, de forma geral, é identificar os países com maior potencial para importar o produto brasileiro. As 208 mil toneladas exportadas ao continente foram destinadas para cerca de 30 países, sendo que 97% ficaram apenas em 12. “Entendemos que o frango brasileiro está presente em mais países devido ao mecanismo de reexportação a mercados fechados como, por exemplo, a entrada do frango na Nigéria pelo Benin e por outras fronteiras continentais, sem acesso direto ao mar”, conta Zerbini. 

A Associação também pretende abrir novos mercados como o do Senegal e da Nigéria, visitados recentemente em companhia do Ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge. “Nigéria e Senegal representam uma lógica comum na África: alguns políticos são os donos das granjas, a demanda pelo frango é alta, a produção ineficiente e o preço muito elevado, privando a maior parte da população ao acesso à proteína animal e estabelecendo margens muito altas ao produtor local”, afirma o gerente. Isso ocorre sob alegação de proteção à produção local, o que, muitas vezes, é apoiado pelo governo europeu, como no caso de Senegal. “Neste países, mantemos contatos com as representações diplomáticas brasileiras, com possíveis importadores, donos de restaurantes, supermercados e demais interessados, com a finalidade de pressionarmos a abertura”, explica Zerbini. 

A entrada do frango brasileiro em alguns mercados africanos pode provocar quedas de preços, o que favorece o consumidor, mas gera protestos por parte dos produtores locais, que pressionam seus governos para fechar as fronteiras. Isso ocorreu em Moçambique, que em 2008 importou 7,3 mil toneladas do produto brasileiro e, de janeiro a junho de 2009, importou 5,9 mil toneladas. “A associação de produtores locais organizou protestos contra o frango importado do Brasil e realizou uma campanha de marketing para promover o frango nacional, com ajuda dos Estados Unidos”, lamenta o gerente. “Os produtores locais afirmaram que os frangos brasileiros entraram no país com datas próximas à validade, com preços muito baixos. Isso levou o governo proibir a importação de frango após mais de 90 dias desde o abate. Por causa desse problema, fomos à Moçambique para mudar a imagem de nosso produto junto ao governo e com associações locais”, afirma Zerbini. 

Outro exemplo recente neste sentido ocorreu na África do Sul, responsável por 40% das exportações à África (81,4 mil toneladas no primeiro semestre). A Abef identificou um movimento de proteção alavancado pelos produtores locais, que cogita a aplicação de medidas anti-dumping contra o frango brasileiro. “Percebemos que, assim como em Moçambique, parece ter havido uma desova de estoques de produtos próximos à data de vencimento, a preços mais baixos que o normal. Posicionamo-nos contra este tipo de prática e solicitamos à Embaixada do Brasil em Pretória (capital administrativa da África do Sul) e à associação dos importadores daquele país que monitorem a questão”, expôs. 

Outra ameaça ao produto brasileiro foi um alarme recebido dos importadores de que há empresas enviando carne com injeção de água à África do Sul. “Como sabemos, a legislação brasileira é rigorosa a esse respeito e a Abef vem combatendo esse tipo de prática que só traz prejuízos ao setor”, enfatiza. De acordo com os produtores, tal prática pode minar a boa imagem do frango brasileiro, conquistada em tanto função de suas boas práticas comerciais quanto à qualidade do produto. “Esse fator se tornou argumento de venda e de convencimento a respeito da alta qualidade do frango de nosso país. Por isso, pedimos a todos que considerem as conseqüências dessa prática lesiva e que pode vir a fechar um grande e importante mercado para o setor avícola nacional”. 

A Abef também acredita que uma forma de promover o produto nacional é por meio de participação em feiras como a Feira Internacional de Luanda (Filda), realizada em Angola, segundo maior mercado do frango brasileiro no continente, ou a Africa’s Big Seven e a Saitex, na África do Sul.