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Frango do Paraná amplia mercado na China

<p>O Estado é o primeiro produtor brasileiro e no ano passado, abateu 1 bilhão de cabeças.</p>

Redação AI (06/07/06)- O frango produzido no Paraná vai ampliar sua presença e competitividade no maior mercado potencial do mundo. Quarta economia do planeta, a China país com 1,3 bilhão de habitantes, sete vezes a população brasileira autorizou quatro abatedouros do estado a exportar diretamente àquele país. Até agora, apenas duas empresas paranaenses faziam vendas diretas à China e o produto de outras três chegava lá após uma escala em Hong Kong.

As novas habilitações foram confirmadas na semana passada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. São resultado da visita de um grupo de técnicos do governo chinês a abatedouros de todo o Brasil, realizada em março. Ao todo, os chineses habilitaram 14 estabelecimentos (de Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul). Com eles, sobe para 24 o número de abatedouros brasileiros autorizados a exportar para a China.

A cooperativa Copacol, de Cafelândia (Oeste do estado) vai estrear no mercado chinês. Outras duas cooperativas paranaenses Coopavel, de Cascavel, e Lar, de Medianeira (também no Oeste) , que já exportavam, tive-ram a autorização revalidada. A cooperativa C.Vale, de Palotina (Noroeste), e as empresas Big Frango, de Rolândia (Norte), e Da Granja, do município da Lapa (região metropolitana de Curitiba), agora poderão exportar diretamente à China, sem que o produto passe por Hong Kong.

A triangulação com Hong Kong uma ilha sob controle político da China, mas que pratica o livre mercado é uma estratégia das empresas brasileiras para entrar no fechado mercado continental chinês, ainda sob o controle do Estado, de regime comunista. Intermediários compravam o frango brasileiro e o vendiam na China. A operação encarecia o custo em até 10%. Com a venda direta, agora mais competitivo, o produto ganhará força para disputar o mercado.

O Paraná é o primeiro produtor brasileiro. No ano passado, foi abatido 1 bilhão de cabeças, mais de 2 milhões de toneladas, o equivalente a 22,8% da produção nacional. Nas exportações, o estado divide a liderança com Santa Catarina. Em 2005 os abatedouros paranaenses exportaram 791 mil toneladas, 27,8% do total exportado pelo país.

Consumo

De acordo com a União Brasileira de Avicultura (UBA), o consumo per capita de carne de frango na China varia entre 8 e 9 quilos/ano. Emirados Árabes, com 53,5 quilos, Kuwait, 44,7 quilos e Estados Unidos, 44,3 quilos estão no topo dessa relação. São dados do ano passado, onde o Brasil estabeleceu a marca recorde de 33,9 quilos.

Diante desses números, é o potencial de crescimento do mercado chinês que anima os produtores paranaenses: Se o consumo per capita da China aumentar em um quilo por ano, só essa demanda re- presentará a produção brasileira de dois meses somados, ilustra Domingos Martins, presidente da Associação dos Abatedouros e Produtores Avícolas do Paraná (Avipar).

O Brasil é o terceiro produtor, atrás dos Estados Unidos e China, e o maior exportador mundial de frango, com 42,8% do mercado em faturamento e 55% em volume exportado. No ano passado foram exportadas 2,847 milhões de toneladas, que renderam US$ 3,51 bilhões. Na avaliação de Martins, a notícia das novas habilitações é ótima, mas agora as negociações precisam prosperar, até se transformar em negócios concretos.

Embora as exportações brasileiras de frango para a China tenham crescido 94% entre 2004 e o ano passado, o país ainda é um comprador modesto do produto, apenas o 13. mercado entre os 142 importadores. Em 2005, foram 116,6 mil toneladas, volume inferior até mesmo ao de Hong Kong, que importou 156,4 mil toneladas.

Empresas apostam em novos negócios
As empresas habilitadas acreditam no aumento dos negócios. A área comercial da Copacol, que exporta 30% das 130 mil toneladas de frango que produz anualmente, já começa a desenvolver produtos específicos para o mercado chinês. A economia do país cresce, em média, 9% ao ano.

Apesar de produzir muito frango, a China não consegue suprir a demanda interna, por causa de sua população. Outro entrave é a falta de áreas para a produção de grãos (milho e soja) para fabricar rações e expandir a produção de frangos, analisa Dilvo Grolli, presidente da Coopavel. Além de frango, cujos volumes ele não revela, a cooperativa vende soja em grão, farelo e óleo de soja à China. Segundo Grolli, aquele país deverá se tornar, nos próximos anos, também um grande importador de milho.

A C.Vale vê na habilitação para a exportação direta uma oportunidade de ampliar as vendas. Com um preço mais competitivo e mais facilidades, poderemos ampliar os volumes, diz o gerente da divisão industrial, Reni Eduardo Girardi. Por meio de Hong Kong, a cooperativa hoje faz chegar à China 900 toneladas mensais de asa e coxa e sobrecoxa desossadas, 20% do total que exporta.