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Mercado

Frango na OMC

Governo brasileiro poderá entrar com painel na Organização Mundial do Comércio em até 90 dias, segundo a Ubabef.

WL002144
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O presidente executivo da União Brasileira de Avicultura-UBABEF, Francisco Turra, e o diretor de Mercados, Ricardo Santin, estão otimistas quanto à possibilidade de uma entrada efetiva do governo brasileiro na OMC para por fim às barreiras comerciais impostas à carne de frango pela União Européia.
   
Nessa segunda-feira (19), durante coletiva de balanço do setor no primeiro semestre, em Porto Alegre (RS), Turra disse que o setor avícola nacional vem travando uma luta permanente para conseguir igualdade e tratamento isonômico com o bloco, mas este tem sido um parceiro complicado.

“Há espaço para negociar, mas se não houver negociação, o Brasil terá que entrar com painel na OMC”, admitiu o dirigente.   

A principal preocupação da Ubabef com a União Européia é que o bloco permita ao Brasil usar as cotas concedidas ainda em 2005, de 340 mil toneladas. Desse total, 170 mil toneladas são para carne salgada, 94 mil toneladas para
peru e 79 mil para carne cozida. 

“Cota é uma excrescência do mercado internacional. A última das exceções é impor cotas. O mercado tem que ser livre e queremos que a Europa volte a nos deixar vender livremente. Mas, ao contrario disso, querem nos controlar mais.
Não bastasse isso, estão mudando o conceito de carne fresca para que não possamos usar na integralidade essas cotas”, enfatiza Santin.
   
Na entrevista coletiva dessa segunda-feira, Turra antecipou que a iniciativa privada já concluiu um estudo técnico sobre o assunto e que está faltando apenas uma reunião na Ubabef para que o Conselho diretor aprove ou não o seu envio ao governo. A expectativa é que essa reunião ocorra dentro de quatro a cinco dias.     

“Após isso, o governo brasileiro, dentro da sua soberania, vai analisar se os estudos técnicos são válidos para propor o painel. De antemão já temos uma posição favorável do governo e em 60 a 90 dias o governo deverá estar dando entrada na OMC”, complementou Santin.
   
De acordo com o diretor de Mercados da Ubabef, essas cotas em vigor sofreriam um problema de utilização se o novo conceito de Fresh Meat (mudanças de regras sobre o conceito europeu de carne fresca) for utilizado integralmente. Destaca que além disso, a Europa está buscando novas cotas para os produtos marinados, que envolvem oito linhas tarifárias e que o Brasil já vende numa faixa de 70 a 80 mil toneladas/ano.
   
Santin argumenta que o Brasil desenvolveu sua indústria para fornecer à Europa nessas quantidades, e que agora, por um problema momentâneo de crise, os europeus estão querendo reduzir volumes na importação, penalizando inclusive o seu consumidor. 

“Quando o Brasil não entra lá, o preço local é muito mais alto do que aqui e aí o consumidor europeu paga mais. É isso que estamos contestando, que nos deixem dar carne barata para o europeu também. O Brasil, hoje, fornece para mais de 153 países mantendo o equilíbrio de preços dos mercados locais porque nossas condições climáticas e de produção de grãos nos permitem ser competitivos, assegura.
   
Já o presidente Turra diz que a decisão da Ubabef de bater de frente na questão do protecionismo europeu é mais que necessária.

“São 4,5 milhões de brasileiros envolvidos na atividade. No Rio Grande do Sul tem 800 mil pessoas envolvidas direta e indiretamente, a começar pelo produtor de milho. Nós consumimos 40% da safra nacional e 50% do farelo de soja. É bastante”, enfatiza.
    
Destaca que o mercado mundial ainda está em recuperação e que se faz necessário mostrar que a adoção de barreiras para o comércio internacional é prejudicial tanto para os fornecedores como para os consumidores.
    
Dados consolidados da Ubabef mostram que a União Européia comprou 206,1 mil toneladas de carne de frango do Brasil no primeiro semestre desse ano, volume expressivo, mas que concentra queda de 19,2% em relação à igual período do ano passado. Mesmo em queda (-7,8%), a receita com as exportações para o bloco é a terceira maior do semestre  US$ 520 milhões  atrás apenas do Oriente Médio, maior comprador da carne de frango do Brasil com participação de 36% no bolo total e receita de US$ 1,033 bilhão no semestre e da Ásia, com receita de US$ 916 milhões em igual período.