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Exportação

Frango ultrapassará boi

Exportações avícolas devem liderar a balança comercial das carnes brasileiras, seguidas pelo setores de bovinos e suínos.

Frango ultrapassará boi

O extraordinário avanço da produção de aves, aliado à chegada de novas indústrias ao Estado, vai inverter a posição de alguns produtos do item “carnes” no ranking da pauta das exportações mato-grossenses em 2010. Segundo a Federação das Indústrias do Estado (Fiemt), a previsão é de que as exportações de frango ultrapassem as de bovinos ainda este ano, por conta dos investimentos que estão sendo realizados no setor avícola.

No primeiro trimestre, para se ter uma idéia, as exportações de frangos tiveram incremento de 42,92%, passando de 25,429 mil toneladas para 36,345 mil toneladas. A carne bovina, por sua vez, cresceu 34,07%, saindo de 31,660 mil toneladas para 42,447 mil toneladas. “A diferença é de apenas 6,102 mil toneladas, algo que deve desaparecer até o final de 2010, colocando o frango à frente da carne bovina em Mato Grosso”, diz o presidente da Federação das Indústrias do Estado (Fiemt), Jandir Milan.

A projeção da Fiemt foi confirmada ontem (4) pelo economista Guilherme Bellotti de Melo, analista econômico do Banco Rabobank, que esteve em Cuiabá para participar da 6ª edição do Encontro Internacional dos Negócios da Pecuária (Enipec). Durante palestra sobre os “Cenários para o mercado de carne”, Bellotti afirmou que a taxa de crescimento do frango será superior nos próximos 20 anos, competindo de igual para igual com a carne bovina e ficando bem à frente da carne suína em volume exportado.

Ele destacou o crescimento do mercado asiático e apontou o Brasil – em especial Mato Grosso – como o grande celeiro mundial de carnes nos próximos anos. Mas lembrou que há um cenário em que os produtores precisam aprender a trabalhar para enfrentar um período de volatilidade nos preços das carnes. Segundo ele, esta volatilidade deverá pressionar os custos e gerar a “necessidade de análise de risco”, obrigando o produtor a ser mais eficiente da porteira para dentro para produzir em um cenário de adversidades no mercado.

Ele fez uma análise global do mercado de carnes no mundo e disse que no Brasil a volatilidade vai atingir principalmente a produção de suínos e aves, que são dependentes de commodities como soja e milho, utilizados em larga escala para a produção de proteínas e ração animal. Na opinião do analista, a pecuária bovina ficaria mais imune ao movimento de oscilações no mercado.

Bellotti de Melo afirmou que os preços entre os países tendem a apresentar comportamento semelhante, possibilitando novas alternativas e minimização de riscos para os produtores. “Na América Latina – Estados Unidos e Canadá, principalmente – observamos uma maior demanda de milho para a produção de etanol e de carne bovina, via confinamento”.

Em relação à União Européia, lembrou que a maioria dos países enfrentará um período de altos custos. “À medida em que a União Européia reduz os subsídios para produção de grãos e de leite, tende a deixar os países menos competitivos. A Rússia, por exemplo, tem um grande potencial produtivo, mas ainda está aquém do montante necessário para suprir a demanda local, abrindo mercado de aves e suínos para outros países”.

A China, com potencial de crescimento significativo, vai direcionar sua produção ao mercado interno e abrir espaços para o Brasil, seguindo o exemplo da China, que também oferecerá oportunidades às exportações brasileiras por concentrar grande consumo de carnes de frango.

O analista do Rabobank lembra que a Argentina passa por problemas institucionais e lá os produtores estão “liquidando” os rebanhos em função do desestímulo do governo à atividade agropecuária. “O Brasil tem condições de se colocar no mercado argentino de uma forma mais intensa”, diz.

De acordo com Bellotti de Melo, o Brasil tende a ser um grande player no mercado de frangos e suínos no mundo. “No caso do frango, temos o segundo menor custo de produção, o que aumenta a competitividade dos nossos produtos frente a outros países”, afirmou o economista.