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Frigoríficos apostam na exportação para recuperar margem

Aumento dos embarques de carnes de aves e de suínos e menor custo com milho favorecem os setores.

Da Redação 20/08/2003 – A exportação deve continuar sendo a opção dos frigoríficos brasileiros de aves e de suínos para recuperar a rentabilidade neste segundo semestre diante dos sinais ainda escassos de retomada na demanda interna.

Nos primeiros seis meses do ano, frigoríficos como Sadia, Perdigão e Seara jogaram as fichas nas vendas externas para driblar a fraca demanda doméstica. Além disso, repassaram para os preços as altas de custos de produção, ainda que não inteiramente. A opção foi valorizar mais a lucratividade do que o volume, disse o vice-presidente de finanças da Perdigão, Wei Wang Chang, na semana passada. A Perdigão lucrou R$ 13,3 milhões no primeiro semestre, 374% a mais que em igual período de 2002.

“O mercado interno estava muito devagar. Por isso a estratégia de todo mundo foi reduzir a oferta (doméstica)”, atesta Luiz Murat, diretor de finanças da Sadia, empresa que lucrou R$ 182,8 milhões nos primeiros seis meses deste ano, um aumento de 164%.

Apesar de contribuir para os lucros do frigoríficos, a estratégia não foi suficiente para segurar as margens, que recuaram pressionadas por custos mais elevados e pela queda de preços das carnes no mercado internacional devido à oferta elevada (ver quadro).

Para este semestre, no entanto, a expectativa é de recuperação na lucratividade, segundo empresas e analistas. Os motivos são o recuo dos preços do milho e a melhora na demanda internacional por carne de frango, que já leva a uma recuperação das cotações.

“O mercado externo é comprador e os custos devem cair com a maior oferta de milho”, afirma Daniel Pasquale, do Fator Dória-Atherino, que recomenda compra das ações dos três frigoríficos. Luiz Alberto Binz, da Geração Futuro, tem a mesma opinião. “Os volumes de exportação e os preços devem crescer favorecendo o faturamento e as margens”, acrescenta o analista.

Diante desse “mercado comprador”, a estratégia é dar “prioridade ao mercado externo”, reconhece Murat, da Sadia, acrescentando que a atenção ao mercado interno será mantida.

Júlio Cardoso, presidente da Seara, diz que as exportações – mesmo com dificuldades, como cotas e barreiras – são uma oportunidade melhor que o mercado interno. Ele destaca que o Japão vem demandando mais frango brasileiro por conta de problemas sanitários na China, o que favorece os frigoríficos. “O segundo semestre deve ser bem melhor que o primeiro e devemos ter recuperação de margens, principalmente com exportações”, prevê. No primeiro semestre, a Seara lucrou R$ 13,3 milhões, praticamente a metade do que lucrara em igual intervalo de 2002.

Cardoso já vê, no entanto, sinais de recuperação na demanda no mercado doméstico, pois o ritmo de queda da renda começa a recuar. “O fundo do poço foram os meses de maio e junho”, acredita. Binz, da Geração, também vê recuperação gradual neste semestre no mercado interno.

De qualquer forma, os dólares das exportações são sempre bem-vindos porque também impactam nas dívidas das empresas, lembram os analistas.

Não à toa, tanto Sadia quanto Perdigão estão pondo em prática projetos que envolvem exportações. A Perdigão fez parceria com uma empresa holandesa, a BK Poultry Processing, que vai processar peito de frango da Perdigão para venda na Europa. A parceria é uma tentativa de driblar a maior taxação sobre o peito de frango salgado no continente.

Já a Sadia vai investir, em dois anos, R$ 31,3 milhões em projeto para melhorar a produtividade dos suínos e a qualidade da carne. A empresa sempre investe em projetos como esse, diz Murat, mas decidiu acelerar os investimentos, em parte, por conta do avanço das exportações de carne suína.