Redação AI 04/12/2002 – A decisão da União Européia de testar 100% das cargas brasileiras de frango – alegando risco de contaminação com nitrofurano – levou frigoríficos, governo e a associação dos exportadores a investir na compra de equipamentos para testes de alta precisão na detecção da substância.
Desde outubro, todo o carregamento de frango brasileiro que chega aos portos europeus é submetido a testes, o que está provocando atraso no desembaraço do produto e prejuízo para os frigoríficos. Pelas estimativas da Sadia, que adquiriu um desses equipamentos, o prejuízo é de US$ 1 milhão por mês.
Além da Sadia, Perdigão, Abef (que reúne os exportadores) e o governo também estão comprando o equipamento de espectrofotometria de massa, que utiliza a mesma metodologia adotada na UE. Até março de 2003, os exportadores esperam que toda a carne de frango brasileiro seja testada pelo novo método.
A União Européia aumentou o rigor com o Brasil depois que amostras do produto apresentaram traços de nitrofurano, substância proibida na UE. Após o primeiro caso em maio, o governo brasileiro proibiu o produto, mas ocorreram novos casos em setembro.
Quando da primeira amostra apreendida pela UE , governo e exportadores alegaram que o bloco havia alterado a metodologia para detectar a substância, usando um método não reconhecido pela Organização Mundial de Comércio (OMC).
Enquanto o governo brasileiro utilizava a cromatografia líquida, que detecta 1 miligrama de nitrofurano por quilo, a UE adotou a espectrofotometria de massa, que detecta 1 micrograma por quilo.
“Não está de acordo com a OMC, mas é preferível discutir sem custo”, diz Rui Vargas, diretor do departamento de inspeção de origem animal do Ministério da Agricultura. O equipamento que o governo adquiriu será instalado em Campinas. A Abef comprou outro equipamento, que pode ser instalado em um laboratório do governo ou privado.
Sadia e Perdigão farão seus próprios testes. “Somos responsáveis pelo produto e não podemos ficar à espera que o governo faça os exames”, diz Ivone Delazari, gerente de qualidade da Sadia. O equipamento custou US$ 250 mil.
A Perdigão informa que adquiriu o equipamento para intensificar o controle de seus produtos. Amostras com lotes de frango da empresa testados pela União Européia em abril apresentaram traços de nitrofurano.
Para Vargas, ao adotar a nova metodologia, o Brasil estará ampliando as garantias à UE.
Governo e exportadores querem descobrir as origens da contaminação e se reúnem na próxima semana para discutir o tema. Uma decisão já foi tomada: o governo auditará as lojas de ração dos Estados produtores de carne.