Redação AI 13/06/2002 – Em plena hora do almoço, um caminhão estacionou no meio do gramado da Esplanada dos Ministérios para distribuir 4 mil galinhas a servidores públicos. A doação fez parte da paralisação de um dia dos funcionários da Embrapa, em todo o País, em protesto contra o reajuste salarial de 2% e a liberação, neste ano, de apenas 15% do orçamento de custeio, o que, segundo organizadores da paralisação, está prejudicando as pesquisas da empresa.
Garçons, seguranças, servidores de limpeza e até engravatados avançaram em direção ao caminhão.
As galinhas distribuídas na Esplanada eram especiais, resultado de pesquisa de seleção de linhagem feita pela Embrapa durante 30 anos, que garantiu aumento de produtividade com menor custo. Segundo o diretor de asssuntos jurídicos e previdenciários do Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Pesquisa Agropecuária, Valter Endres, essas galinhas produzem 330 ovos por ano, 75 a mais do que produziam no início da pesquisa.
Endres explicou que os pesquisadores usaram galinhas para chamar a atenção da população, autoridades e imprensa para o “sufoco terrível” que a empresa e funcionários têm passado com a falta de verbas. O reajuste pretendido pelos servidores é de 20%, dez vezes mais do que o oferecido pelo governo. E nestes primeiros seis meses, a União liberou apenas R$ 19 milhões para pesquisas.
O coordenador de planejamento da Embrapa, Antônio de Freitas, que trabalhou normalmente, observou que a verba não alcança o “montante necessário” para o desenvolvimento das pesquisas e tampouco chega no “tempo certo”.
O dinheiro repassado foi aplicado prioritariamente nos projetos de biotecnologia, em prejuízo a demais pesquisas, como as na área de irrigação. “Estamos sem ar condicionado em laboratórios e com equipamentos parados”, diz Endres. O barulho dos manifestantes na Esplanada, entretanto, não serviu para abrir espaço para os manifestantes na agenda de nenhuma autoridade.