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Economia

Galinha caipira da Amazônia será melhor que a do Sul do País

Associações apoiadas por prefeituras, hoje conseguem vender galinhas aos mercados de Maceió.

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Um engenheiro químico falando de galinhas. Assim identificou-se o palestrante Mário Blacht (Instituto Globo Aves), ao estimular pequenos agricultores e estudantes de técnica de alimentos do Serviço Nacional da Indústria (Senai) na região de Ji-Paraná a criarem galinha caipira. “Ela se dá muito bem aqui na Amazônia, porque a luz do sol é forte, uma situação bem mais confortável que no sul do País, em se tratando do desenvolvimento animal”, assinalou.

Blacht falou na sexta-feira (29) no auditório principal da 4ª Rondônia Rural Show, onde lembrou que o Brasil não domina a genética da galinha branca, mas tem a genética da caipira, espécie com pastagem, ingere vegetais [verduras, pasto, resíduos de lavouras]. Em situação melhor que a do frango confinado, ela obtém carne mais escura e firme, com sabor acentuado e menor teor de gordura.

“Por que falar dela? Esse programa que vem para cá é diferente, porque não tem o galo. Trabalhamos com a produção de carne e ovos. Formamos lotes”, disse. Blacht acredita que avicultores em Rondônia, apoiados pela assistência da Secretaria Estadual de Agricultura e Emater poderão ser mais bem sucedidos que os do sul.
A Globo Aves, que em Rondônia atua em Espigão do Oeste [a 441 quilômetros de Porto Velho], é a maior produtora de ovos férteis do País [60 milhões de ovos férteis por mês]. Tem 70 veterinários e seu Programa de Agricultura Familiar (PAF) visa proporcionar condições humanas de assistência alimentar e uma forma de subsistência econômica.

Em agosto de 2014, o secretário estadual de agricultura, Evandro Padovani, firmou termo de intenções com o Instituto Globoaves para levar o PAF a Rondônia, inicialmente para quatro municípios que reuniriam no mínimo 400 famílias nessa atividade. A exemplo do Paraná, Rondônia distribuirá matrizes para agricultores interessados nesse segmento.

Emocionado, relatou [mostrando fotos em audiovisual] a situação de uma mulher alagoana, que se sentiu feliz com o seu galinheiro, cuja renda lhe permitiu adquirir os óculos da filha e a geladeira. Outra, abandonada pelo marido, cria os filhos com uma dúzia de galinhas.

Carne a cada 90 dias

O PAF visa ofertar proteína animal, por meio da produção de carne e ovos de galinhas coloniais. Sua meta é garantir três quilos de carne a cada 90 dias e 350 ovos/ano, a partir de ave sanitariamente saudável semi-confinada e com possibilidade de ser competitiva no mercado local e regional.

O programa começou no Vale do São Francisco (BA), voltado para o combate à fome. Sobravam ovos e as galinhas ganharam peso. Ele contempla necessariamente a capacitação das famílias e a assistência técnica como estratégias de informação, prevenção e combate às doenças.

As linhagens utilizadas no PAF são frutos de trabalhos de pesquisas feitas pela Globoaves em parceria com o Groupe Grimaud, da França, unindo trabalhos de uma das mais importantes empresas do Brasil em um Centro de Genética fundado no País na década de 1980. Essa empresa tem tradição na linhagem do frango certificado Label Rouge. Assim, o Brasil passou a produzir linhagens de frango colonial [ou galinha caipira] que agradam tanto ao paladar, como as necessidades dos produtores.

Organização

Bracht disse que o passo número um para obter êxito na criação é a identificação dos municípios e comunidades a serem escolhidas pelo programa. Ao mesmo tempo, define-se e se capacita extensionistas, preparando-se o aviário pulmão para recria de aves de um dia, permitindo-se o recebimento das vacinas e alimentação complementar.

Cadastradas as famílias, o treinamento para a preparação de galinheiros é fundamental, e o programa só obtém sucesso graças às mulheres, ele explicou. “Homens geralmente não participam, e assim, filhos e filhas mantêm o programa”.

Para se ter um abatedouro com 150 mil aves, é preciso multiplicar a produção de 30 dias. No Paraná existem galinheiros georreferenciados. Governo estadual, prefeituras, feiras, festas e restaurantes compram o excedente da produção.

“Se todos os municípios de Rondônia se interessarem por abatedouros, não terão produção suficiente. Daí, a necessidade de organização”, recomendou Bracht.

Em Alagoas, onde Blacht atuou, o ovo passou a ser matéria-prima para panificação. Em vez de ser vendido a R$ 7, obteve R$ 15, quando destinado a padarias. “Veio a verticalização da cadeia produtiva”, observou.