Redação (20/07/06) – Os exportadores gaúchos de frango têm um plano para tentar manter o volume de exportações de carne de frango após quase 40 países terem suspendido total ou parcialmente as compras do estado, por conta de um foco da doença de Newcastle confirmado no início do mês em uma propriedade não comercial. A idéia é direcionar os produtos para outros mercados.
“Como foi uma ocorrência isolada, vamos desenvolver ações para que os produtores não amarguem grandes prejuízos, como abrir novos mercados”, disse o secretário-executivo da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), Eduardo Santos. “Podemos direcionar um volume maior para a União Européia e intensificar as negociações com a China e o mercado asiático”, acrescentou.
Segundo informações do Ministério da Agricultura, os países que deixaram de comprar frango do estado, total ou parcialmente, são Argentina, Nova Caledônia, Rússia, Marrocos, Ucrânia, Bielorrúsia, Japão, África do Sul, Canadá, Coréia do Sul, Cuba, Hong Kong e Suíça, além das nações da UE.
De acordo com o Ministério, a maioria só tem restrições com relação à carne produzida na região onde ocorreu o foco, a chamada “zona de vigilância”, que de acordo com o país importador pode variar de um raio de 10 a 50 quilômetros. A União Européia, por exemplo, só restringiu às compras de frangos criados num raio de 10 quilômetros ao redor de Vale Real, município da Serra Gaúcha onde a doença foi identificada.
Os únicos destinos que notificaram o governo brasileiro do embargo foram Argentina, Nova Caledônia, Rússia e UE. Nos demais casos, o Brasil mantém acordos fitossanitários com estes países que já prevêem a suspensão automática das vendas, parcial ou total, em caso de algum problema de saúde animal. Os prazos de suspensão variam de um acordo para o outro.
Sem relatos de outros casos Segundo o chefe da Fiscalização e Defesa Sanitária Animal da Secretaria de Agricultura do Rio Grande do Sul, Fernando Grossi, não ocorreram relatos de outros casos da doença na região. “A propriedade onde foi identificada a doença é de subsistência, eles criam frangos para consumo próprio”, disse. Havia 44 aves no local e, segundo Grossi, todas foram sacrificadas.
De acordo com ele, embora não tenham sido constatados sinais clínicos da doença nas propriedades ao redor do foco, foi colhido material para análise laboratorial. Os resultados devem sair nos próximos dias. “Mas não é uma região de produção comercial, nem há trânsito de aves de um local para o outro”, garantiu. “Estamos em implantação de um plano de prevenção à Newcastle e à gripe aviária, portanto não existem problemas em relação aos produtores comerciais”, acrescentou Santos.
Grossi disse também que a granja onde ocorreu o foco estava interditada desde o início de maio, quando a suspeita da doença foi notificada às autoridades sanitárias. Os resultados dos exames de laboratório só confirmaram que se tratava da Newcastle em 04 de julho. A doença ataca o sistema respiratório das aves e é fatal em boa parte dos casos, mas não atinge os humanos.
Terceiro maior do país O Rio Grande do Sul é o terceiro maior produtor e exportador de frangos do Brasil, atrás apenas do Paraná e de Santa Catarina. Segundo Eduardo Santos, o setor responde por 4,8% do Produto Interno Bruto do Estado (PIB). No período de janeiro a junho, os gaúchos produziram 466 mil toneladas de carne de frango, sendo que 314 mil toneladas foram exportadas.
As exportações, de acordo com dados da Asgav, renderam US$ 379 milhões no primeiro semestre. O Oriente Médio é um mercado importante, responde por 24% das vendas externas do estado, de acordo com Santos. O Marrocos, no entanto, foi o único país da região que oficialmente deixou de comprar carne do estado até agora, segundo o Ministério da Agricultura, justamente porque tem um acordo fitossanitário com o Brasil.