Aditivo usado na ração de suínos e de bovinos, a ractopamina tem sido o ingrediente de polêmica na exportação de carne brasileira. Isso porque a utilização do produto é proibida em diversos compradores de carne do Brasil. Optar pelo recurso pode significar a diferença entre o acesso ou o bloqueio de determinado mercado. Um dos casos mais emblemáticos é o da Rússia, país que mantém embargo ao produto do Rio Grande do Sul, do Paraná e de Mato Grosso e onde a ractopamina não é bem-vinda.
– Os russos já definiram claramente que eles não querem o uso da substância – explica Rogério Kerber, diretor-executivo do Sindicato da Indústria de Produtos Suínos do Estado (Sips).
No mês passado, uma equipe de técnicos esteve no Estado visitando três plantas de suínos. O governo ainda espera um retorno sobre a missão, mas os russos têm insistido no estabelecimento de regras claras. Os quatro frigoríficos (um em Goiás, um em Minas Gerais e dois em Santa Catarina) que atualmente embarcam carne suína para lá já têm a produção livre de ractopamina reconhecida pelas autoridades da Rússia.
De olho neste mercado conhecido por oferecer uma remuneração diferenciada, muitas empresas têm optado por não usar a substância para conquistar o cliente – aqui no Estado, duas plantas atendem a esse critério.
No Brasil, a ractopamina é permitida na produção de suínos e, no caso dos bovinos, embora o uso esteja autorizado ainda não existe uma normativa que o regulamente, segundo o Ministério da Agricultura. E enquanto isso não ocorre, o produto não pode ser empregado.
Fornecido aos animais com o objetivo de aumentar o ganho de peso, como explica o assessor científico e veterinário Ruy Nathan Lopes, da Gênese Diagnósticos, o aditivo é liberado em mercados como Estados Unidos e Canadá. As restrições existentes têm como base a preocupação de que os resíduos da substância possam prejudicar a saúde, embora não existam pesquisas que comprovem isso. Como se vê, é mesmo uma opção de mercado.
Gisele Loeblein