Redação AI (30/03/06)- Gripe aviária faz frigoríficos goianos reduzirem de 800 mil para 600 mil o número de aves abatidas por dia, devido à queda das exportações Sônia Ferreira. As indústrias de processamento de carne de frango em Goiás reduziram em 25% a produção para adequar a oferta à demanda do mercado.
A expectativa dos empresários é diminuir ainda mais o abate para ajustar os estoques e evitar que o preço continue caindo, até que o mercado internacional volte a ficar comprador. Os sete frigoríficos instalados em Goiás estão abatendo por dia 600 mil aves, 200 mil a menos que há um mês (800 mil).
A redução do abate de frangos ainda não provocou demissões nas empresas. Apenas a Gale Agroindustrial, localizada em Jataí, anunciou férias coletivas aos seus 230 trabalhadores, de 10 de abril a 1 de maio. O presidente da Associação Goiana de Avicultura (AGA), Uacir Bernardes, aposta que a crise da avicultura brasileira é passageira, provocada pela queda do consumo mundial em virtude do pânico da população de alguns países, principalmente da Europa, com a gripe aviária.
O presidente da AGA lembra que o Brasil é o maior exportador de carne de frango. Em janeiro, as remessas eram de 250 mil toneladas/mês. Em fevereiro a quantidade diminuiu para 180 mil toneladas e a previsão é que as exportações de março tenham caído para 138 mil toneladas. Com isso, o mercado interno ficou superofertado, e não tem condições de absorver toda a produção, apesar de o consumo ter aumentado 20%, apenas nos últimos 20 dias, em função da queda do preço.
Em Goiânia, nos supermercados é possível adquirir o quilo do frango por preços variando entre R$ 0,95 e R$ 1,20, o equivalente a US$ 0,40 o quilo – valor que não existe em nenhum outro País, afirma Uacir Bernardes. Preparo Desde fevereiro, quando o mercado internacional registrou queda no consumo de carne de aves, as sete indústrias de abate de frangos em Goiás, localizadas em Rio Verde, Jataí, Itaberaí, Pires do Rio, Anápolis, Morrinhos e Nova Veneza, se preparam para reduzir a produção.
A previsão é que o abate chegue a 560 mil aves/dia no próximo mês, mas que aos poucos volte a aumentar com o reaquecimento do mercado internacional. O diretor de Relações Institucionais da Perdigão, Ricardo Menezes, confirma que o mercado internacional já mostra sinais de retomada do consumo de carne de frango, de forma lenta, mas gradual. “A população de outros países está se conscientizando que de o consumo de carne de aves não causa gripe aviária”, afirma.
Ricardo Menezes lembra que os grandes compradores internacionais estavam estocados e aproveitaram as notícias da gripe aviária para reduzir as compras de frango do Brasil, provocando a superoferta no mercado interno. Contudo, o executivo garante que os estoques internacionais diminuíram e que o consumo está aumentando de forma gradativa.
Com isso, a tendência é que a curva das exportações voltará a subir. “Isso aconteceu no mercado de carne bovina no Brasil na época em que surgiram as notícias da doença da vaca louca na Europa, no Canadá e nos Estados Unidos”, lembra. O diretor da Perdigão assegurou que a concessão de férias temporárias aos 230 empregados da Gale Agroindustrial – empresa da qual a Perdigão arrendou as granjas de incubação e alojamento de frangos e adquire a produção de aves abatidas e processadas – é temporária.
Essa foi uma medida tomada visando a adequação da produção à demanda do mercado. Disse que a produção de aves por parte dos parceiros integrados da empresa está preservada. Os abates da Gale de Jataí serão transferidos para a Perdigão de Rio Verde, aproveitando a capacidade ociosa existente naquela unidade. Mas a partir do dia 2 de maio será retomado na indústria de Jataí.
Ricardo Menezes reafirmou que não estão previstas demissões nas unidades da empresa em Goiás, e que apenas não estão sendo preenchidas as vagas resultantes da rotatividade, em torno de 60 pessoas por mês, de um total de 6,3 mil trabalhadores.