Redação (03/03/2009)- O governo trabalha com o desestímulo que o preço alto do dólar deve provocar nas importações brasileiras. Embora não faça projeções para o comportamento das compras no exterior, o secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Welber Barral, lembrou hoje que há uma defasagem no efeito cambial, entre três e seis meses, sugerindo que a crise ainda não se refletiu totalmente nesse item da balança comercial.
Ou seja, o aumento no preço do dólar, desde o auge da crise em meados de setembro de 2008, só deve ser sentido como freio à importação acelerada a partir deste mês de março.
A balança comercial de fevereiro registrou exportações de US$ 9,588 bilhões e importações de US$ 7,821 bilhões, com superávit de US$ 1,767 bilhão, ante o resultado deficitário de US$ 524 milhões em janeiro deste ano.
Tomando-se as importações, houve uma queda de 30,9% sobre fevereiro de 2008, e de 11,5% sobre janeiro de 2009. Mas ainda é pequeno o recuo de compras externas significativas da indústria em bens de capital, por exemplo, item que cresceu fortemente na pauta de importações brasileiras nos últimos dois anos.
A compra externa de maquinário industrial, que melhor traduz a modernização de investimentos das fábricas brasileiras, cresceu 0,8% em valor e recuou 0,3% em quantidade no mês de fevereiro, em relação a fevereiro do ano passado.
Matérias-primas para agricultura (fertilizantes) estão entre os itens cuja importação mais recuou na mesma base de comparação (-75,7%), além de combustíveis com queda de 54,4% e bens de consumo com baixa de 7,6%.
Do mesmo jeito que as exportações para a Argentina caíram (-46,5%) no bimestre janeiro/fevereiro, as compras brasileiras feitas no país vizinho também recuaram, 41,1%. Mas o aumento de 42,2% nas compras de leite em pó da Argentina é objeto de investigação por Barral.
O secretário informou ainda que em sentido inverso, houve crescimento de 3,4% nas importações brasileiras de produtos dos Estados Unidos, também na comparação do bimestre. A compra de aviões americanos, com elevação de 133,9%, foi o que mais pesou nesse caso.
As exportações de produtos brasileiros aos Estados Unidos caíram 38% no mesmo intervalo de comparação, com destaque para o recuo de 79,4% em combustíveis minerais, 49,4% em madeira e 28% em elétricos e eletrônicos.
Barral manteve adiado o anúncio da previsão para as exportações em 2009, à espera de redução nas incertezas que surgem com a crise mundial. Mas ele destaca que, em contrapartida a retrações como as das compras americanas e argentinas, China e outros mercados asiáticos seguem aumentando as compras de produtos brasileiros. E os países da União Europeia se mantiveram como os maiores compradores, adquirindo 24% da pauta exportadora do Brasil, tendo respondido pela mesma parcela (24,4%) no primeiro bimestre do ano passado.