“O quadro técnico do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) foi lipoaspirado. O MDA (Ministério de Desenvolvimento Agrário), por exemplo, conta com um grupo pensante dez vezes maior que o do Mapa.” A afirmação é de Mauro de Rezende Lopes, coordenador de projetos do Centro de Estudos Agrícolas do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV).
A frase foi feita durante sua participação em debate promovido pelo jornal Brasil Econômico este mês, sob coordenação do editor do periódico, Paulo Henrique de Noronha. “Além disso, o Brasil tem mania minimalista, cria factóide orçamentário, faz um estardalhaço para dizer que vai investir no campo quando, na verdade, até agora, apenas o Plano ABC (Agricultura de Baixo Carbono) parece ter condições de ir para frente”, ressaltou o coordenador do Ibre/FGV.
Outros participantes do evento também criticaram o que chamaram de “falta de governança” do Mapa. “O agronegócio no Brasil é debatido em diversos ministérios, sem rumo. O Mapa é altamente fragilizado. Só na gestão da presidente Dilma já passaram quatro ministros pela pasta”, criticou Antonio Alvarenga, presidente da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA).
“É uma fragilidade, uma governança solta em torno da agricultura. É preciso assumir o controle da política do País. A fragilidade é tamanha que a CNA (Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária), praticamente, assumiu o ‘status de ministério’”, destacou Alvarenga. “Esta falta de governabilidade na área da agricultura cria um clima de insegurança jurídica no campo”, completou Lopes.