Redação (02/06/06)- Sob pressão de produtores e indústrias exportadoras, o Ministério da Agricultura acelerou as negociações para reabrir três dos mais importantes mercados para as carnes brasileiras.
Desde o ressurgimento da febre aftosa em Mato Grosso do Sul e no Paraná, em outubro do ano passado, 59 países fecharam suas portas.
Na segunda-feira, uma missão técnica brasileira desembarca em Bruxelas (Bélgica) para discutir com a Direção-Geral de Saúde e Proteção ao Consumidor da União Européia o fim das travas à carne bovina. Ao mesmo tempo, veterinários do Chile chegam ao Brasil para rever o embargo imposto em 14 de outubro de 2005. O ministério também aguarda para a próxima semana a confirmação do envio de uma missão da Rússia para acabar com o embargo ao produto nacional, em vigor desde 13 de dezembro do ano passado. Antes disso, espera um sinal dos russos para mandar outra missão oficial a Moscou.
Pressionados pelo embargo a 17 frutas produzidas em seu território, decretado na última segunda-feira e revisto um dia depois pelo Brasil, os chilenos anteciparam o envio de seus veterinários. Prevista para desembarcar em 19 de junho, a missão chilena chega na próxima semana com a disposição de reabrir o mercado para a carne bovina do Rio Grande do Sul e avaliar as condições de Santa Catarina e Rondônia.
Os chilenos deveriam ter enviado a missão até 31 de março. O país andino exige garantias de que toda a carne embarcada pelo Brasil seja certificada como originária de gado nascido, criado e abatido em áreas habilitadas. “Existe uma sinalização positiva há algum tempo”, afirmou o secretário de Relações Internacionais do Agronegócio, Célio Porto, ao Valor.
Apesar do avanço nas negociações, o diretor de Sanidade Vegetal, Girabis Ramos, está em Santiago para avaliar se os chilenos cumprirão o acordo. Nos bastidores, afirma-se que o ministério poderia ampliar o embargo às frutas caso não avancem as conversas sobre a carne bovina.
Diante do desespero de alguns segmentos, sobretudo dos produtores de suínos, o governo tem tentado ampliar as ofensiva diplomática com os russos.
O diretor de programas da Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA), Jorge Caetano, recebeu uma nova lista de exigências do vice-diretor do Serviço Federal de Supervisão Veterinária da Rússia, Evgueny Nepoklonov. O encontro ocorreu em Paris, durante reunião da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). Agora, falta responder ao questionário, sobretudo às questões ligadas às medidas de controle adotadas pelo Paraná, para garantir um sinal verde ao envio de uma missão à Rússia.
“Isso talvez ainda ocorra em junho”, disse Célio Porto. Em seguida, uma missão russa viria ao Brasil. O Brasil quer negociar uma mudança radical no acordo sanitário bilateral, que prevê embargos automáticos de dois anos para o estado que registrar um foco de aftosa e de um ano para as unidades limítrofes. O objetivo é adequar o acordo às regras da OIE, que prevê um embargo de seis meses apenas no estado onde houver sacrifícios.
Nas conversas com a União Européia, os negociadores brasileiros darão um tom eminentemente técnico. A peça-chave para o convencimento dos europeus, porém, será o novo sistema de rastreamento de bovinos (Sisbov), alvo preferencial das críticas. Os cinco técnicos brasileiros tentarão demonstrar que o novo Sisbov funciona na prática.