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Grande dependência da Rússia preocupa setor suinícola

<p>É preciso reduzir a "russodependência" nas exportações.</p>

Redação (27/04/06) – Aos expressivos avanços sanitários, ambientais e econômicos alcançados por granjas e indústrias de suínos, ainda falta agregar o aumento do consumo interno da carne e a abertura de novos e exigentes mercados, reduzindo a “russodependência” nas exportações. Com a barreira parcial aos embarques erguida pela Rússia em virtude do ressurgimento da febre aftosa em bovinos do país, em outubro de 2005, os embarques brasileiros de carne suína desabaram nos últimos meses e ajudaram a reduzir os preços no mercado doméstico.

Para desfazer os tabus que têm impedido um aumento do consumo interno per capita para além de 12 quilos anuais, está em andamento um plano de marketing que transmita a imagem de um produto livre do mau colesterol e longe de doenças graves, como a cisticercose. “Temos que vender antes aqui dentro. Não precisa falar russo nem pagar tarifas”, prega o presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), Rubens Valentini. “Exportar é importantíssimo, mas podemos tomar uma fatiazinha do frango e do boi aqui no Brasil”.

Dono de duas mil matrizes criadas numa fazenda no Distrito Federal, Valentini argumenta que a fatia dos suínos no consumo interno de carnes caiu de 26% para 16% nas últimas três décadas. Já o consumo mundial per capita saltou de 36,4 quilos, no início dos anos 1980, para 87,9 em 2004. “E nós ficamos para trás, sem mostrar que nosso suíno tem apenas 2% de gordura, é criado à base de ração e num ambiente altamente higienizado”.

O gerente agropecuário da Perdigão em Rio Verde, Luciano Paganini, lembra que os criadores têm uma “necessidade econômica” de manter a sanidade dos rebanhos. “Antes, investia-se nisso quando sobrava dinheiro. Agora, os suinocultores funcionam como pequenas empresas e têm tudo sob controle”, afirma.

Quanto à dependência das exportações para a Rússia, que absorve 65% dos embarques do Brasil, também há travas. “O gargalo maior para avançar em outros mercados, mais remuneradores, ainda é a aftosa”, resume Pedro de Camargo neto, presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs). “Mas a culpa não é só do governo. Falta a mobilização do setor”, aponta.

As incertezas repousam sobre a extrema para erradicar a aftosa da América do Sul. “Somos tão modernos quanto os melhores produtores mundiais, mas a aftosa nos deixa fora dos principais mercados, como Japão, Coréia do Sul, México, EUA e Europa”.