Os números não deixam dúvidas. A economia no Paraná está caminhando mais rapidamente que em outros Estados brasileiros. Boa safra de grãos, aumento na produção de combustíveis e na venda de veículos montados na região de Curitiba contribuíram para que, no acumulado de janeiro a novembro de 2011, o crescimento da produção industrial chegasse a 5,6%, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), atrás apenas do Espírito Santo (6,7%) e de Goiás (6,2%), que são Estados com estrutura fabril menos diversificada. No período, a indústria brasileira produziu somente 0,4% mais. Se comparado aos outros dois Estados do Sul, o desempenho de Santa Catarina ficou negativo em 4,6% e o Rio Grande do Sul cresceu 1,8%.
Nos últimos dias, o governador do Paraná, Beto Richa (PSDB) tem usado o resultado em seus discursos, mas o bom desempenho começou antes da atual gestão e teve continuidade nela. “Dos Estados mais industrializados do Sul e do Sudeste, o Paraná foi o que mais cresceu desde 2002”, diz o economista Roberto Zurcher, da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep). Com base nos dados do IBGE, ele mostra que, nos últimos dez anos, a produção física da indústria paranaense aumentou 55,73%, seguida por Espírito Santo (53,59%) e São Paulo (34,32%). O Estado também foi o que mais criou emprego no período, com base na Relação Anual de Informações Sociais (Rais). O número de empregados cresceu 60,14% no Paraná, 56,92% no Rio de Janeiro e 55,63% no Espírito Santo, os três com melhor desempenho.
.Zurcher explica que os resultados positivos têm a ver com a estrutura da indústria paranaense. “Produzimos um terço dos grãos do país e boa parte é industrializada.” E 45% da indústria de transformação do Paraná está ligada a alimentos e bebidas. Por isso, há grande preocupação quando ocorrem problemas climáticos, como agora, por causa dos efeitos do fenômeno La Niña. Na safra 2010/11, o Estado colheu 31,8 milhões de toneladas de produtos, pouco menos que a anterior, que teve volume recorde de 32,9 milhões de toneladas. Quando o campo vai bem, demanda máquinas, equipamentos e veículos e movimenta o comércio estadual.
O Paraná se transformou na década em um grande produtor e exportador de carnes, em especial frangos. E a cada ano que passa as cooperativas, que estimam crescimento de 14% em receitas em 2011, apostam mais em industrialização – foram investidos R$ 1,1 bilhão no exercício. “Cada dia temos mais produtos de cooperativas nas mesas e a tendência é investir em maior valor agregado sem esquecer dos mercados tradicionais de grãos”, diz Gilson Martins, assessor técnico e econômico da Ocepar, que reúne as cooperativas.
O segmento de veículos foi outro que colaborou para os bons resultados, beneficiado pelo crédito e pelo desempenho das montadoras instaladas no Estado. Renault e Nissan, por exemplo, em automóveis, ganharam participação nas vendas. A Volvo, de caminhões, cresceu mais que as concorrentes em 2011. “Nós ajudamos, com certeza”, diz o gerente da área de caminhões pesados da Volvo, Bernardo Fedalto Júnior, sobre o aumento de 24,5% nos emplacamentos de veículos da marca de janeiro a novembro – o crescimento do mercado foi de 9,6% nos mesmos 11 meses. Ele explica que não dá para medir o volume de antecipação de compras motivadas pela entrada em vigor em 2012 de novas normas de emissão de poluente e espera bom resultado também para este ano.
Outro segmento que tem um bom peso no mix da indústria paranaense é o de combustíveis. Em 2006 a Petrobras deu início a um plano de ampliação da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), localizada em Araucária (PR). O projeto de modernização e inclusão de novos processos vai demandar R$ 10 bilhões em investimentos e será concluído em 2012.
Se a indústria vai bem e há geração de emprego, o movimento aparece também no varejo. O comércio varejista do Paraná cresceu 13,3% nos últimos 12 meses, mais que os 12,1% do país (embora outros Estados, como Espírito Santo, Minas Gerais e Ceará tenham apresentado números melhores). “Fomos beneficiados por um conjunto de fatores”, diz Valmor Rovaris, superintendente da Associação Paranaense de Supermercados (Apras). “O emprego aumentou e a agricultura foi muito bem”, cita.
Mesmo tendo crescido mais que em outros Estados, a indústria perdeu participação no bolo de arrecadação do Paraná. A arrecadação tributária própria aumentou 13,89% em termos nominais de janeiro a novembro de 2011 na comparação com igual período de 2010. A arrecadação de ICMS teve aumento nominal de 14,02%. Mas, enquanto na indústria o ICMS cresceu 12,8%, no comércio o salto foi de 16,8%. “O impacto, ainda que pequeno, ocasionou a queda da indústria na participação relativa do ICMS de 52,0% em 2010 para 51,3% em 2011 (janeiro a novembro)”, informou a Secretaria da Fazenda. A participação do comércio passou de 29,9% para 30,7%.