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Grãos sobem, mas inflação de alimentos pode perder fôlego

<p>A progressiva desvalorização do dólar em relação a outras moedas deve alavancar a demanda dos países importadores de produtos americanos.</p>

Redação (17/07/2008)- Após duas sessões seguidas de fortes quedas, as cotações de soja, milho e trigo, as principais commodities agrícolas negociadas nas bolsas globais voltaram a subir ontem em Chicago, impulsionadas sobretudo pela expectativa de que a progressiva desvalorização do dólar em relação a outras moedas alavanque ainda mais a demanda dos países importadores pelos produtos americanos. 

Cálculos do Valor Data para os contratos futuros de segunda posição de entrega (normalmente os de maior liquidez) naquele mercado mostram que a maior alta diária foi registrada pelo trigo (2,7%), cujos papéis para dezembro fecharam a US$ 22,50 por bushel. A soja para setembro subiu 1,96%, para US$ 15,58 o bushel, enquanto o bushel do milho para dezembro encerrou o pregão a US$ 6,7725, ganho de 1,57%. 

"As exportações são produto do dólar", afirmou Jason Britt, presidente da Central States Commodities Inc.. Baseado em Kansas City, Missouri, Britt se referia à aquisição de 102 mil toneladas de trigo dos EUA e do Canadá fechada pelo Iraque, para embarque imediato, e à possibilidade de os iraquianos decidirem ampliar a encomenda em mais 50 mil toneladas. 

No mercado de soja de Chicago, a alta puxada pelo dólar – que no último ano caiu 11% em relação a uma cesta formada por euro, iene e outras quatro moedas – foi também influenciada pelos magros estoques americanos do grão, que poderão sofrer erosão maior caso o apetite externo pelo grão do país aumente demais. Em 31 de agosto, segundo o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), os estoques nacionais de soja deverão somar 3,4 milhões de toneladas, 78% menos que no mesmo dia de 2007. 

Os preços dos grãos acumulam hoje valorizações ainda robustas, mas menores do que no primeiro trimestre, tomados como referência os últimos 12 meses. Segundo o Valor Data, no milho o salto dos contratos de segunda posição chega a 94,33%, na soja é de 76,79% e no trigo, de 38,71%. Em 2008, o milho subiu 45,1%, a soja 28,31% e o trigo apresenta queda de 4%. 

Para analistas, isso pode significar que os preços estão próximas do limite do consumidor. A impressão casa com declarações de ontem de Abdolreza Abbassian, economista sênior da Organização das Nações Unidas (ONU), para quem a inflação dos alimentos dá mostras de estabilização – apesar da ameaça de o fator dólar resultar em uma volta da espiral "altista". 

Não por acaso, a ascensão das cotações das commodities agrícolas perdeu fôlego ao mesmo tempo em que muitos fundos de investimentos que aplicam em índices reduziram suas apostas nessa frente. Na semana encerrada em 8 de julho, eles retiraram cerca de US$ 630 milhões dos contratos futuros agrícolas, segundo balanço do banco UBS AG. A expectativa de que autoridades americanas adotem medidas para coibir a especulação nesses mercados pode ter ajudado para o movimento, conforme o banco. (Com Bloomberg)