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Grãos têm forte queda em Chicago em julho

Cotação média do milho no mês foi 12,02% inferior à de junho; no caso da soja, baixa foi de 5,34%.

Grãos têm forte queda em Chicago em julho

As cotações dos grãos atenderam às expectativas e encerraram julho com fortes quedas em suas cotações médias mensais na bolsa de Chicago, segundo cálculos do Valor Data baseados nos contratos futuros de segunda posição de entrega.

Pressionados pelo bom desenvolvimento das lavouras americanas nesta safra 2013/14, cuja colheita começará a ganhar ritmo nas próximas semanas, o milho encerrou o mês com preço médio 12,02% inferior ao de junho, a soja recuou 5,34% na comparação e o trigo caiu 3,74%.
 
Em relação às médias de dezembro, os patamares de julho representam baixas de 29,30% no caso do milho, de 18,35% no trigo e de 6,21% na soja. E diante das médias de julho do ano passado, quando a severa seca que derrubou a produção dos EUA em 2012/13 já alavancava as cotações, as retrações chegaram a 32,13% no milho, a 23,25% no trigo e a 15,48% na soja.

Nada surpreendente se for levado em consideração que a retomada das colheitas americana era dada como praticamente certa desde o fim do ano passado e que a pressão dessa tendência nos mercados de grãos é observada há meses – o que preocupa exportadores, mas alivia preocupações inflacionárias.

Mas a confirmação dessa retomada abriu um alçapão sob os preços em julho e há espaço para novas baixas até o fim do ano, até porque as perspectivas para 2013/14 na América do Sul são positivas. No Brasil, a produção de grãos, puxada por soja e milho, poderá superar 200 milhões de toneladas.

Conforme o Conselho Internacional de Grãos (IGC, na sigla em inglês), com sede em Londres, a produção global de trigo e grãos forrageiros, grupo que inclui o milho, deverá alcançar o recorde de 1,919 bilhão de toneladas em 2013/14, 135 milhões a mais que em 2012/13.

A colheita de soja está estimada pelo IGC em 284 milhões de toneladas, um aumento de 17 milhões de toneladas em igual comparação. O Brasil disputa a liderança na produção e nas exportações mundiais de soja com os Estados Unidos e vem ganhando cada vez mais relevância no mercado de milho.

É no horizonte do milho, por sinal, que as nuvens estão mais carregadas e dão sinais de que poderão se transformar em uma “tempestade perfeita” sobre as cotações, a não ser que a demanda supere a letargia derivada da crise europeia, da desaceleração chinesa e da claudicante reação da economia americana.

Dado o forte aumento da produção – só nos EUA o incremento será de 80 milhões de toneladas, para quase 355 milhões -, os fundos especulativos encerraram a semana do dia 23 de julho com a maior posição líquida de venda em milho desde junho de 2006, quando a Comissão de Comércio de Futuros de Commodities (CFTC) dos EUA começou a distinguir a posição desses agentes no mercado. Em sete anos, portanto, os fundos nunca apostaram tanto no tombo do cereal.

As quedas verificadas em Chicago foram as maiores entre as oito principais commodities agrícolas negociadas pela Brasil no exterior. Mas isso não significa que os preços das “soft commodities” refereciadas na bolsa de Nova York estejam navegando em águas tranquilas.

Sem perder de vista que o atual patamar das cotações das commodities em geral segue muito acima das médias históricas de até meados da década passada, café, suco de laranja e algodão fecharam julho com preços médios inferiores aos de julho no mercado nova-iorquino -0,66%, 2,54% e 1,19%, respectivamente. Houve leves ganhos para o açúcar (1,07%) e o cacau (1,05%).

Mesmo com a alta marginal, o açúcar, que tende a encarar em 2013/14 a quarta safra seguida de superávit global, ainda registrou quedas de 11,47% em relação à média de dezembro e de 25,99% sobre julho de 2012. No mercado de cacau essas baixas ficaram em 4,22% e 0,14%, respectivamente, em larga medida graças à calmaria no oeste da África – climática e política.

Ainda que a retração de julho sobre junho tenha sido pequena, o preço médio do café no mês já foi 16,37% mais baixo que o de dezembro e 31,80% menor que o de julho do ano passado. E o espaço para altas expressivas é pequeno, tendo em vista os largos estoques brasileiros e mundiais.

Nos casos de suco e algodão, as quedas de julho estancaram um movimento de recuperação derivado de adversidades climáticas e fitossanitárias à produção de laranja na Flórida, no caso do suco, e da vertiginosa queda da oferta global em 2012/13, no caso da pluma.

Mas esses dois produtos, e o mesmo vale para as demais “soft commodities”, dependem de uma reação mais robusta da demanda global para semear o terreno para valorizações mais polpudas. É claro que o fortalecimento da economia também favorece os grãos, mas aqui a dependência é menor por se tratarem de produtos básicos para a alimentação humana.