Redação AI (21/03/06)- Frigoríficos de frangos do interior de São Paulo demitiram ou deram férias coletivas para funcionários na tentativa de amenizar os impactos causados pela redução dos preços em 50% em média no mercado interno, e pela queda das exportações provocada pela diminuição do consumo em países compradores devido à expansão da gripe aviária pela Europa e Ásia. A atividade emprega cerca de 400 mil trabalhadores no Estado.
A situação se agravou por conta do bloqueio de embarques, especialmente para a Rússia, de grandes estoques de frango abatidos pelos frigoríficos do Paraná, por conta da febre aftosa e da greve dos fiscais da Inspeção Federal. Com isso, esses frigoríficos desovaram o estoque no mercado interno a preços 50% mais baixos.
A crise atinge principalmente pequenos e médios frigoríficos paulistas, como o Allfrigor, de Arealva, que abatem para o mercado interno e não conseguem competir em preços com os grandes abatedouros, como a Sadia, que chegou a colocar a R$ 0 89 o quilo de aves para as lojas de varejo. Em alguns supermercados é possível encontrar frangos da Sadia com embalagens escritas em árabe, a R$ 1,34 o kg. Nem mesmo o prazo de validade é escrito em português.
O Allfrigor não conseguiu assimilar custos de produção que chegam a alcançar o valor do preço do frango abatido, de R$ 1,15. Por isso, demitiu e deu férias a 40% dos seus trabalhadores e reduziu a produção, de 25 mil aves/dia (80 toneladas), em 50%. “O preço do frango abatido em outubro era de R$ 2,30, hoje está em R$ 1,15”, diz o diretor do Allfrigor, Elizeu Gonçalves. Segundo ele, mesmo assim, a empresa acumula prejuízos de R$ 0,10 a tonelada.
Em Guarantã, o Frigorífico Frango da Noroeste demitiu 50% dos 180 funcionários e reduziu a produção de 40 mil para 25 mil aves/dia. O frigorífico passa por processo de habilitação para o mercado externo, mas vai ter de esperar até que o impacto da gripe aviária se amenize no consumo dos países compradores. O frigorífico Itabom, em Itapuí, que abate 85 mil aves/dia, suspendeu o andamento do projeto de exportação por conta da gripe e da queda de preços no mercado interno.
“Vamos ter de esperar um pouco para dar continuidade das obras, orçadas em US$ 5 milhões”, afirma o presidente do Itabom, Pedro Poli. Segundo ele, a empresa vem registrando prejuízos crescentes desde fevereiro. Se a crise continuar por 90 dias, a empresa deverá demitir funcionários. O Itabom gera em torno de 1,2 mil empregos na indústria e nas granjas parceiras. Em Guapiaçu, o Frango Sertanejo reduziu em 60% as exportações para a Europa e, por isso, teve de diminuir os abates em 15%.