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Gripe aviária prejudica exportador

<p>Embora os focos estejam em países distantes, os efeitos no Brasil começaram a aparecer com a queda das ações das duas maiores exportadoras do produto do país, Sadia e Perdigão.</p>

Redação (30/01/07) – A gripe aviária, que prejudicou as exportações de carne de frango brasileira no ano passado, voltou a ser registrada em diversos países na Ásia, África e, agora, na Europa. Embora ainda longe, os efeitos no Brasil começaram a aparecer com a queda das ações das duas maiores exportadoras do produto do país, Sadia e Perdigão. Ainda assim, os exportadores nacionais confiam num ano de recuperação, com o volume de vendas retornando ao patamar de 2005. O faturamento, no entanto, será menor.

“A gripe aviária nunca vai estar superada, mas o que se pode estimar é um ano que não vai ser conturbado. O consumidor está mais bem informado, as medidas de segurança melhoraram, já se sabe como administrar a crise”, diz o presidente da Associação Brasileira dos Exportadores de Frango (Abef), Ricardo Gonçalves.

Menos confiante, o mercado de ações vem reagindo às informações sobre os focos de gripe aviária no mundo. No pregão de ontem, as ações da Sadia e da Perdigão caíram 0,59% e 3,25%, respectivamente, na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Nos últimos 25 dias, os papéis mais negociados das duas companhias despencaram 10,92% e 13,38%.

O presidente da Abef, porém, insiste na recuperação do setor. “O volume exportado voltou ao patamar normal”, afirmou Gonçalves. Segundo ele, os exportadores de carne de frango estão otimistas sobre as perspectivas de negócios para este ano.

No ano passado, as vendas brasileiras de frango para o exterior caíram 4,7% em volume – para 2,71 milhões de toneladas – e 8,7% em faturamento, com receitas de US$ 3,2 bilhões (foram US$ 3,5 bilhões em 2005). A Abef calcula que as exportações vão se recuperar, alcançando 2,85 milhões de toneladas, volume pouco superior aos 2,84 milhões de 2005. 

Em valor, as vendas externas não chegarão ao mesmo nível de 2005. Segundo o presidente da Abef, a projeção para este ano, de US$ 3,42 bilhões, leva em conta um preço médio de US$ 1,20 o quilo, inferior ao US$ 1,23 de 2005. “O preço médio em 2007 não será tão favorável quanto o de 2005”, afirmou Gonçalves. 

Reaparecimento – Mas enquanto exportadores nacionais de frango confiam num ano sem sobressaltos, com a recuperação das vendas ao exterior, o mundo volta a assistir o aparecimento de focos da gripe aviária. A doença – considerada pela Abef o principal motivo da queda no faturamento do setor em 2006 -, já foi novamente identificada na Rússia, no Japão e na Hungria, o que marcou o retorno da doença à Europa, depois de seis meses sem novos casos registrados.

Apenas em janeiro, três novos casos de gripe aviária foram identificados no Japão, assim como em três granjas da Rússia. Segundo o Serviço de Controle Fitossanitário e Veterinário da Rússia, o foco da gripe no sul do país, perto do Mar Negro, é o primeiro caso da epizootia em quase um ano. 

Ainda ontem, o Ministério da Agricultura do Japão confirmou outro surto de gripe aviária em uma granja no país e mais testes serão realizados para avaliar a presença de uma cepa do vírus H5N1. E a gripe parece ter retornado à Europa com o registro de dois casos do vírus H5N1 na Hungria, numa granja de gansos no sudeste do país. Os casos foram confirmados ontem pela Comissão Européia. É a primeira descoberta em território europeu desde agosto de 2006. 

O foco europeu acontece em meio a um ressurgimento da doença na Ásia e na África, onde nos últimos dias também foram registrados casos na Indonésia e no Egito. Coréia do Sul, China, Vietinã e Hong Kong têm focos recentes registrados – justamente onde surgiram os primeiros casos de mortes humanas pela doença, em 1997.

Importação cresce 13,4% – As exportações e as importações no ano até ontem, dia 28, superam o volume realizado em todo o mês de janeiro de 2006. No entanto, as compras externas continuam crescendo mais que as vendas. Até agora, o país exportou US$ 9,6 bilhões este ano, o que representa um aumento de 3,98% sobre o início do ano passado. Já as importações foram de US$ 7,3 bilhões, valor 13,4% maior que o registrado em janeiro de 2006. Como as importações subiram mais que as exportações, o superávit comercial está em US$ 2,327 bilhões, 17,5% menor que o registrado em janeiro do ano passado, que foi US$ 2,820 bilhões. A meta do Ministério do Desenvolvimento para este ano é exportar US$ 152 bilhões.