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Conflito na Ucrânia

Guerra encarece commodities e provoca corrida por ativos seguros

Preços dos grãos e de energia seguem aumentando em função das incertezas provocadas pelo conflito entre Rússia e Ucrânia

Guerra encarece commodities e provoca corrida por ativos seguros

As incertezas provocadas pelo conflito na Ucrânia estão pressionando os preços das commodities agrícolas e de energia, além de gerar uma busca maior por ativos seguros, como o dólar, na avaliação da hEDGEpoint Global Markets, empresa especializada em inteligência de mercado, consultoria, gestão de risco e hedge para a cadeia de valor global de commodities.

Os preços de energia têm subido, pois os traders estão relutantes em comprar óleo e gás russos, muito embora as sanções tenham excluído os fluxos de energia. Como tanto a Rússia quanto a Ucrânia são atores muito relevantes em grãos e oleaginosas, o conflito provocou aumentos nos preços, o que pode levar a mudanças nas cadeias de abastecimento.

De acordo com relatório da hEDGEpoint Global Markets, Rússia e Belarus desempenham um papel fundamental nos fertilizantes globais como exportadores, e a guerra se somará aos preços já em alta para os produtores agrícolas.

WASDE e Conab: cortes seguem relevantes e guerra começa a impactar os dados

Economia

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Soja

O WASDE de março trouxe mais um ajuste relevante para a soja sul-americana, mas os números seguem acima das estimativas dos agentes privados e agências locais. Além disso, a redução de 9.5M ton na oferta de soja sul-americana foi parcialmente compensada por uma redução do esmagamento global de 5M ton, sendo 2M ton referentes ao esmagamento chinês.

Com isso, os estoques finais globais de soja ficaram acima das estimativas médias de mercado, fazendo com que o relatório fosse mais baixista para a soja nas primeiras horas após sua divulgação. Contudo, com as novas estimativas da Conab, é quase certo que o USDA fará cortes adicionais na produção brasileira no próximo WASDE.

Outro ponto que merece atenção, de acordo com análises da hEDGEpoint Global Markets, é a “precificação” do estoque/uso americano ilustrado na figura 1. Ela mostra que os níveis atuais de preços dos contratos futuros na CBOT normalmente são associados com estoques mais apertados do que os estimados até o momento. Contudo, no contexto altista atual para as commodities agrícolas, é difícil precisar quando essa relação retornará para patamares próximos dos níveis históricos.

Milho

No mercado de milho, os ajustes mais marginais na produção sul-americana, bem como os maiores estoques ucranianos devido à redução nas exportações, fizeram com que os estoques de passagem globais ficassem acima das estimativas do mercado. Ainda assim, a relação estoque/uso estimada segue sendo a menor desde a safra 2013/14, segundo a empresa.

Trigo

No mercado de trigo, o conflito no Leste Europeu levou a um comércio global menor e, consequentemente, estoques finais mais altos. Nos EUA, apesar de não ter seu balanço muito alterado, seus estoques seguem pressionados por conta da quebra na safra atual, e o cenário de guerra só aumenta essa pressão, de acordo com análises da hEDGEpoint Global Markets.

Mercado de Açúcar e Etanol

Nos EUA, os estoques de etanol estão 14,5% acima do nível do ano passado, enquanto há rumores de uma possível alteração do mandato de mistura para compensar a recente alta nos preços dos biocombustíveis.

No Brasil, a Petrobras repassou parte dos custos de importação (~64%), o que pode fazer com que o preço da gasolina na bomba fique próximo de R$ 7 o litro. Em nossas estimativas, os preços aumentariam em 0,43R$/l chegando a 6,73R$/l, enquanto o hidratado atingiria 4,7R$/l.

Na avaliação da hEDGEpoint Global Markets, esse movimento pressiona a visão atual de um mix mais açucareiro, uma vez que o etanol começa a pagar um prêmio sobre o açúcar. No entanto, esse cenário é incerto, pois o governo brasileiro deu mais um passo na direção de intervir e controlar os efeitos do preço internacional do petróleo sobre o mercado doméstico. O Senado aprovou tanto a PL 1472/20 quinto a PLP 11/2020.