O Brasil é o segundo produtor mundial de carne bovina e o maior exportador deste tipo de alimento. O rebanho bovino brasileiro é de cerca de 190 milhões de cabeças, ocupando extensas áreas de pasto por todo o país, principalmente no Centro-Oeste e na Amazônia. Até o ano de 2023 o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento projeta um crescimento anual de 2% para este setor. Para se ter uma ideia do volume de carne e da quantidade de animais envolvidos, basta mencionar que para uma produção de cerca de 8,7 milhões de toneladas de carne bovina em 2012, foram abatidas 31,1 milhões de cabeças.
Outras consequências negativas (também chamadas “externalidades negativas” pelos economistas), causadas pela pecuária são a compactação de solos e a liberação de grandes quantidades de nitrogênio e fósforo pelas fezes dos animais nos cursos d’água. Nos Estados Unidos, por exemplo, estima-se que 55% da erosão dos solos e das precipitações de sedimentos nos rios, sejam provocados pelo gado. Ajunte-se a isso ainda o fato de que 80% da produção mundial de soja, 70% da produção do milho e 70% da aveia sejam destinados à alimentação de animais, incluindo os bovinos. Especialistas informam que cerca de metade da produção mundial de grãos é destinada à criação de animais e que esta quantidade poderia alimentar outros dois bilhões de pessoas.
No Brasil, os maiores frigoríficos – JBS, Mafrig e Minerva – já tornaram públicos seus esforços para eliminar o desmatamento, o trabalho escravo e outros crimes socioambientais relacionados com a atividade. A iniciativa é importante e deve ser aliada a outros esforços do governo e da sociedade, como a implantação do Cadastro Ambiental Rural (CAR), destinado ao controle dos imóveis rurais, e do Sistema de Identificação e Certificação de Bovinos Bubalinos (Sisbov), para a identificação de animais destinados à produção de carne.
Além destes esforços, também é necessário que a humanidade – ou sua parcela rica – avalie a real necessidade de tão grande consumo de carne e derivados, dado o imenso impacto ambiental que este tipo de atividade tem sobre os recursos naturais. Os países destinam tanta terra, água, insumos e energia para produção de carne, que cabe perguntar quem se beneficia deste tipo de atividade. As “externalidades negativas” são efetivamente compensadas por aqueles que ganham nesta cadeia produtiva e revertidas em benefício dos que vivem à sua margem – pequenos agricultores, comunidades pobres, indígenas, reservas florestais?