O cenário para as exportações brasileiras de carnes sempre foi favorável neste ano. Melhorou ainda mais quando Rússia e países desenvolvidos fecharam as portas comerciais uns aos outros devido à crise política na Ucrânia.
O apetite russo, somado ao deficit de produção de carnes em vários países concorrentes do Brasil, por causa da redução de rebanhos ou problemas sanitários, colocou o país em uma posição de destaque ainda maior no comércio mundial de proteínas.
Além da demanda maior, os brasileiros foram favorecidos por preços mais elevados neste ano em todas as carnes, o que aumentou as receitas.
Os russos, que sempre tiveram um comportamento instável em relação às importações de carnes, colocando e retirando barreiras, liberaram um número recorde de frigoríficos brasileiros para as exportações de proteínas.
E o Brasil se aproveitou não só da demanda maior dos russos como da reabertura e da abertura de novos mercados neste ano.
Apesar dessa boa presença russa no mercado de carne do país, principalmente neste segundo semestre, produtores e exportadores ainda têm muitas dúvidas. Elas vão da inconstância russa nas negociações à forte baixa do petróleo, um dos motores da economia do país.
O resultado é que essa conjugação de fatores deve levar o Brasil a fechar o ano com exportações recordes de US$ 17,3 bilhões na soma total das vendas externas de carnes.
A Abpa (Associação Brasileira de Proteína Animal) estima um faturamento de US$ 8,6 bilhões para o setor de avicultura. As exportações de carne de bovina deverão atingir US$ 7 bilhões, prevê a Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes).
Já a suinocultura viveu um ano “fora da curva”. Os preços internos superaram R$ 100 por arroba, um reflexo da demanda externa e da alta de valor dessa carne no mercado externo.
As exportações, embora devam permanecer estáveis em volume, vão render bem mais. A Abpa prevê vendas de 505 mil toneladas neste ano, com receitas de US$ 1,7 bilhão. Se essas estimativas se confirmarem, o faturamento deste ano será 25% maior do que o do ano passado.
Importância
A Rússia foi um dos grandes destaques nas importações de carnes brasileiras.
Em outubro, os russos levaram 47% da carne suína exportada.
No mês passado, esse apetite continuou, e o país ficou com 46% das exportações nacionais em volume.
As compras russas de carne suína feitas no mês passado superaram em 120% o volume de igual mês de 2013 e em 190% as receitas.
O cenário se repetiu nas importações de frango. A Rússia comprou 159% mais em volume neste ano e gastou 120% mais no Brasil.
O crescimento foi grande porque o país passou de uma participação de 1,8% no total das vendas de frango do país em novembro do ano passado para 8% neste.