Fonte CEPEA

Carregando cotações...

Ver cotações

Economia

Índia e Mercosul querem ampliar comércio

País asiático e bloco do Cone Sul negociam a ampliação do atual acordo entre as duas economias, para conseguir mais reduções de tarifas e elevar o comércio.

A Índia e o Mercosul pretendem ampliar o acordo entre as duas economias, para conseguir mais reduções de tarifas e elevar o comércio, atualmente de US$ 15 bilhões, para US$ 25 bilhões até 2015. A informação foi dada ontem pelo ministro de Comércio e Indústria da Índia, Anand Sharma. Segundo ele, é estrategicamente importante tornar “mais robusto” o comércio com o bloco do Cone Sul.

O ministro foi, porém, evasivo quando o Valor perguntou se o objetivo de ampliar o comércio em 66%, em apenas três anos, pelo Acordo de Tarifas Preferenciais Fixas (ATP), significava mais tarifas preferenciais para as exportações agrícolas do Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. “Vamos ver”‘, afirmou.

Em junho, o encontro entre Brasil, Índia e África do Sul também discutirá como expandir o comércio entre os três parceiros. Sharma reiterou que Nova Déli considera também importante elevar o comércio Brasil-Índia, que atualmente é de US$ 10 bilhões por ano.

O atual acordo entre Índia e Mercosul reduz a tarifa de apenas 452 produtos, dos quais “muito poucos” são agrícolas, disse um assessor do ministro. A Índia vê possibilidade de “complementariedade” em vários setores. Um exemplo dado pelo assessor foi o comércio de combustíveis: a Índia importa petróleo da Petrobras, refina e exporta o combustível para o Brasil, e “naturalmente, ficamos com o valor agregado nesse caso”.

Para um negociador brasileiro, a Índia vem abrindo unilateralmente seu mercado com redução de tarifas, exceto para produtos agrícolas. Assim, vai depender da competitividade brasileira se beneficiar da expansão do acordo na área manufatureira. No entanto, o potencial também no comércio agrícola é visto como importante, na medida em que a Índia vai continuar crescendo a taxas elevadas, resgatando milhões de pessoas da pobreza e necessitando de mais commodities agrícolas, como é o caso da China.

Alfredo Valladão, professor do Institut d’Etudes Politiques de Paris, a famosa “Science Po”, e presidente do conselho da associação UE-Brasil, alerta para a importância de o Brasil tentar impulsionar acordo comercial com a União Europeia nas áreas que forem possíveis.

Valladão nota, em estudo, que, de um lado, vizinhos latino-americanos estão fechando, ou concluíram, negociações de troca preferencial de comércio com Estados Unidos, União Europeia e alguns parceiros da Ásia.

Segundo o professor, com o lançamento das discussões de um acordo de comércio e investimentos entre os Estados Unidos e a União Europeia (TTIP, na sigla em inglês), o Brasil está ameaçado de futuras “perdas enormes de fatias de mercado em dois de seus mais importantes parceiros comerciais”. Valladão estima que o TTIP certamente tirará exportações agrícolas do Brasil em favor de produtos americanos, por exemplo. Mesmo na América do Sul, o Brasil pode perder mercado, com parceiros do Mercosul mostrando-se mais protecionistas.