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Insumos

Indicadores de preços dos insumos

Fundamentos das commodities vão além da oferta e demanda, de acordo com coordenador científico do Cepea/Esalq/USP.

Indicadores de preços dos insumos

Analistas de commodities tendem a considerar que somente são justificáveis mudanças de preços decorrentes de alterações nos chamados fundamentos do mercado, ou seja, nas forças de oferta (custos, tecnologia, clima etc.) e demanda (renda, população etc.) correntes e futuras, contemplando, portanto, também as oscilações de estoques.

Quando ocorrem variações de preços não explicáveis por essas forças microeconômicas, é comum atribuí-las à especulação ou à irracionalidade dos agentes econômicos, o que exigiria atuação corretiva e disciplinadora do poder público.

Entretanto, à medida que os mercados, as instituições e a economia em geral evoluem (e o conhecimento científico sobre eles se expande), é importante atualizar o conceito de fundamentos. Pelo menos desde os anos 1970, fatores macroeconômicos vêm sendo associados à evolução dos preços das mais diversas commodities.

Isso ficou claro tanto na alta que se seguiu à quebra do sistema de Bretton Woods como na queda decorrente da implementação das políticas do governo Reagan.

De 2000 até 2010, a liquidez mundial duplicou ou triplicou, dependendo do critério usado, com queda dos juros e aumento dos retornos esperados dos ativos. Disseminou-se o uso de instrumentos financeiros para os investidores aplicarem tais recursos.

Entre 2003 e 2008, houve aumento de 15 vezes das aplicações dos investidores institucionais (bancos, seguradoras, fundos de pensão e de hedge etc.) nos instrumentos vinculados a índices de commodities.

Os valores dos índices resultam da ponderação das cotações nos mercados de futuros de uma determinada cesta de commodities. Ou seja, um índice típico acompanha a evolução da performance de detentores de posições passivas compradas num conjunto de mercados.

Uma alta das cotações futuras devido à intensificação nas aplicações desses fundos poderia se transmitir aos mercados físicos, nos quais os agentes se colocariam em posição vendida acompanhada de retenção de estoques e tendência de alta de preços. Configura-se o que alguns chamariam de financeirização das commodities.

Sabe-se hoje, portanto, que as oscilações de preços das commodities não se fundamentam simplesmente em oferta e demanda específicas, mas também em variáveis macroeconômicas e financeiras mundiais.

Não tem mais cabimento conduzir políticas macroeconômicas, em nível nacional ou internacional, sem que sejam considerados seus impactos sobre os mercados de commodities, como têm feito os Estados Unidos.

Nem tampouco deve-se ignorar o efeito do que se passa nesses mercados sobre a eficácia das políticas macroeconômicas, como se tentou fazer no Brasil quanto ao controle da inflação em curso. É claro que uma bem fundamentada regulação dos mercados pode ajudar a estabilizá-los. Dispensam-se, todavia, os préstimos de xerifes oportunistas cujas bravatas só fazem aumentar as incertezas e as turbulências dos mercados.

GERALDO BARROS é professor titular da USP/Esalq e coordenador científico do Cepea/Esalq/USP.