O IqPR, índice de preços recebidos pelos produtores agropecuários de São Paulo pesquisado pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA) – vinculado à Secretaria da Agricultura do Estado -, confirmou as expectativas e fechou o ano passado nas alturas. Segundo o IEA, o indicador subiu 0,73% em dezembro em relação o mês anterior e a alta acumulada em 2010 chegou a 36,4%. Tanto o grupo formado por 14 produtos de origem vegetal quanto o composto por seis itens de origem animal colaboraram para o expressivo ganho.
Os vegetais registraram valorização média de 0,98% em dezembro em relação a novembro e encerraram o ano passado com salto acumulado de 37,46%. Já o grupo dos produtos de origem animal subiram 0,11% no último mês de 2010 e fecharam o ano com variação positiva acumulada de 32,02%. O IEA informa que, se a cana fosse excluída do rol dos vegetais e as oscilações dos preços recebidos por seus produtores não fizessem parte dos cálculos, o grupo teria registrado alta de 70,85% em 2010, enquanto o IqPR teria subido ainda mais, 52,25%. O IEA faz as contas sem a cana devido ao forte peso do produto no campo de São Paulo, maior produtor nacional.
De todos os produtos pesquisados pelo instituto, o que mais alegrou os produtores foi a laranja. Os preços recebidos pela fruta para mesa saltaram 140,18% no acumulado do ano, enquanto as cotações da laranja destinada à produção de suco proporcionaram uma remuneração 104,44% melhor (ver tabela). A disparada dos preços da fruta em São Paulo, que reúne o maior parque citrícola do planeta, reflete o aumento dos preços do suco de laranja no mercado internacional, decorrente da redução da oferta no Estado brasileiro e na Flórida, Estado americano cuja parque citrícola só é menor que o paulista.
Em virtude de problemas climáticos que afetaram a oferta de alguns produtos e demanda em geral aquecida nos mercados externo e doméstico, apenas dois produtos pesquisados pelo IEA fecharam 2010 com preços mais baixos: batata (42,17%) e tomate para mesa (40,71%), cujos preços historicamente são bastante voláteis. Preocupante do ponto de vista inflacionário – parte das valorizações até agora não chegou ao atacado e ao varejo -, ainda que positivo para os produtores e economias regionais, a ascensão do IqPR perdeu força em dezembro. A variação positiva de 0,73% foi a 18ª seguida, mas a segunda menor da série.
“De qualquer maneira”, diz análise do instituto, “para a maioria dos produtos a conjuntura atual conduz à formação de expectativas que indicam preços crescentes, fato que somente será revertido ou não em função da magnitude dos volumes colhidos, do comportamento dos preços internacionais e da resistência das estruturas de mercado: dos consumidores aos movimentos especulativos”. E continua: “Para produtos como feijão, tomate de mesa e batata a expectativa de curto prazo prognostica preços crescentes, na manifestação da elevada amplitude dos preços no curto prazo revelada pela volatilidade da gangorra de preços, em que quando o produtor tem produto não tem preço e quando tem preço não tem produto. E essa instabilidade da renda não produz consistentes investimentos, o que se mostra preocupante”.