Fonte CEPEA

Carregando cotações...

Ver cotações

Economia

Índice de preços de alimentos da FAO acumula ganhos de 26% em 12 meses

Depois de registrar uma forte queda em julho, os cereais ficaram 2,2% mais caros e passaram a acumular uma alta de 36% desde agosto de 2010. As carnes ficaram 1% mais caras no mercado internacional.

Ainda que muito pouco, os preços médios internacionais dos alimentos recuaram pelo segundo mês seguido em agosto, segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). O índice de preços da entidade ficou em 231 pontos, 0,43% abaixo da média de julho. No entanto, o indicador acumula alta de 26% nos últimos 12 meses e está apenas 2,94% abaixo do recorde atingido em fevereiro passado.

Apesar da aparente estabilidade, o comportamento dos preços não foi homogêneo. Depois de registrar uma forte queda em julho, os cereais ficaram 2,2% mais caros e passaram a acumular uma alta de 36% desde agosto de 2010. Só as cotações do trigo avançaram 9% no último mês, impulsionadas pela forte demanda para a produção de rações e pelo aperto nos estoques.

Segundo a FAO, a pressão “reflete o fato de que o aumento de produção esperado não será suficiente para compensar o acréscimo de demanda, de modo que os estoques vão continuar pequenos e os preços seguirão elevados e voláteis”. O órgão estima que a produção mundial de cereais vai crescer 3% em 2011, mas o volume previsto ontem é quase 6 milhões de toneladas inferior ao estimado em julho. A FAO mostrou-se especialmente preocupada com a oferta de milho, depois que as lavouras dos EUA foram assoladas por uma forte estiagem entre julho e agosto.

Na média, as carnes ficaram 1% mais caras no mercado internacional, acompanhando a tendência dos cereais. Embora os preços das aves tenham registrado forte queda, a carne bovina voltou a subir e atingiu novas máximas no mês.

Esses aumentos foram compensados pela queda das demais commodities monitoradas pelo índice, com destaque para os óleos de cozinha e os produtos lácteos. Os preços do primeiro grupo caíram 2,78%, embora ainda se mantenham 27% acima do nível observado há um ano. Já os lácteos recuaram 3,07%, em parte influenciados pela valorização do dólar neozelandês. O açúcar também perdeu fôlego, recuando 2% em relação a julho. A queda, aponta a FAO, reflete o otimismo em relação à produção de Europa, Índia e Tailândia, apesar das frustrações com o Brasil. Apesar disso, o adoçante acumula valorização de 50% em 12 meses.

No fronte doméstico, dois indicadores divulgados ontem apontam para a manutenção das pressões sobre os alimentos. O IqPR, índice de preços recebidos pelos produtores de São Paulo, pesquisado pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA), encerrou agosto com variação positiva de 1,77%. A alta foi puxada pelas cotações no grupo formado pelos produtos de origem animal, que, em média, subiu 5,64%. Já os produtos de origem vegetal avançaram 0,33%, na média. Com o resultado de agosto, o IqPR passou a acumular valorização de 28,1% nos últimos 12 meses.

Já o Índice Ceagesp, que acompanha os preços de uma cesta de mais de 100 produtos e serve de referência para as oscilações agrícolas no atacado de São Paulo, subiu 3,38% em agosto. Dos grupos pesquisados, subiram os pescados, os legumes e as frutas, por questões sazonais relacionadas ao consumo ou problemas provocados pelo clima. As verduras ficaram, em média, mais baratas, influenciadas pela queda da demanda.