Ao mesmo tempo em que observa a Rússia, maior importador de carnes do Brasil, ficando mais rigorosa na aprovação de unidades brasileiras habilitadas para exportar, a indústria de frango nacional avalia que terá em breve mais fábricas autorizadas a vender para a China, um mercado em expansão, disse nesta quinta-feira o presidente da Ubabef, Francisco Turra.
Após se reunir com o secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura do Brasil, Francisco Jardim, Turra afirmou que as indústrias de carnes brasileiras poderão ter menos unidades habilitadas pelos russos, ainda que o potencial de exportação, em volumes, não venha a ser afetado.
Em meados de junho, a Rússia implementou um embargo à carne produzida de cerca de 90 unidades exportadoras do Brasil. O governo tem tentado derrubar a suspensão.
“Os russos concluíram que o Brasil pode reabrir os mercados, limitando porém o número de plantas. Existiam muitas habilitadas, algumas não estavam nem em condições adequadas nem estavam exportando”, disse Turra à Reuters.
Segundo ele, o governo russo pediu ao brasileiro durante visita de uma missão técnica no final do mês passado que realize uma “varredura” para efetivamente verificar quem poderá exportar.
“Eles estão agindo com muito rigor com relação aos fornecedores de proteína animal. Não é o rigor conosco, eles vão adotar critérios cada vez mais rigorosos (para todos os países). O Jardim (secretário) disse que nós temos que nos preparar…”, afirmou.
Participaram da reunião em São Paulo nesta quinta-feira com o secretário de Defesa Agropecuária, além de Turra, o presidente da Abiec, Antônio Camardelli, que representa os exportadores de carne bovina, e, por telefone, o presidente da Abipecs, Pedro de Camargo Neto, da indústria de carne suína.
“O Brasil pode ter menos plantas habilitadas e até um espaço maior para participação de mercado… O secretário disse que a grande maioria (das unidades embargadas) com certeza pode retornar”, afirmou.
Não há um prazo definido para isso ocorrer.
Os russos são os maiores importadores de carne suína e bovina do Brasil, e compram aproximadamente 4 por cento do volume exportado de carne de frango pelo país.
Mas é a indústria de carne suína, mais dependente dos russos, que deve sofrer mais –o setor também conta com menos unidades que ainda podem exportar. A de bovinos, por outro lado, tem maior capacidade de remanejamento de vendas por meio de mais unidades ainda habilitadas.
China – Turra disse que o setor de frango, o menos afetado pelo embargo russo, ainda trabalha com “a possibilidade concreta de ter habilitadas mais 41 plantas para a China”.
“Isso já está praticamente ajustado lá, só depende da análise do ministério chinês”, afirmou o presidente da Ubabef, acrescentando que atualmente o Brasil conta com 24 unidades habilitadas para vender à China.
A China atualmente representa 5 por cento das exportações de carne de frango do Brasil, disse ele.
As exportações brasileiras de carne de frango cresceram 6,8 por cento no primeiro semestre de 2011, para 1,93 milhão de toneladas.