Redação (18/09/06)- As indústrias de ração animal do Brasil esperam conseguir em breve abertura abertura para o mercado europeu. O Eurep (Euro-Retailer Produce Working Group) anunciará até o fim do mês se aprova o programa de boas práticas de fabricação (BPF) implantado pelo Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações). O Eurep é uma organização criada em 1997 por um grupo de supermercados europeus com o objetivo de definir padrões de qualidade dos alimentos que importa de outros países.
O Sindirações criou o programa em 2005 e solicitou ao Eurep que o reconheça como equivalente ao certificado Eurepgap. “O Eurep se comprometeu a dar uma resposta definitiva nos próximos dias. O retorno que temos é que 90% do programa já foi avaliado e aprovado por eles”, diz Flávia Castro, coordenadora técnica do Sindirações. Para ela, a equivalência possibilitará a exportação de ração e que as vendas externas de carne sejam ampliadas – isso porque, há empresas que não podem exportar carne por não conseguirem comprovar que toda a cadeia foi certificada, uma exigência do Eurep. Segundo ela, ainda não é possível estimar quanto o Brasil poderá exportar com a aprovação do BPF pelo Eurep. Os europeus consomem por ano 75 milhões de toneladas de ração.
Em 2005, as indústrias brasileiras de ração exportaram 39 mil toneladas, gerando receita de US$ 22 milhões. Os principais mercados foram América Latina e América do Norte. Para este ano, a perspectiva é obter um crescimento próximo a 10%.
Conforme Flávia, o interesse em ganhar o mercado europeu levou empresas a investir no programa de boas práticas de fabricação. Dez aderiram: Agroceres, Tortuga, Fatec, Bellman, Minerthal, Fri-Ribe, M.Cassab, Nutron, Domino e Cargill.
A Bellman, com sede em Mirassol (SP), estreou no mercado internacional este ano, depois de aderir ao programa de boas práticas, que contempla regras do HACCP (Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle, na sigla em inglês), certificado voltado à indústria de alimentos.
“Assim que a empresa conseguiu o BPF pôde trabalhar o mercado externo”, afirma Marcos Mantelato, sócio-diretor da Bellman. A empresa fez a primeira exportação à Guatemala e negocia com outros países da América Central. A expectativa do grupo é que 5% do volume seja destinado ao mercado externo no próximo ano. A empresa espera produzir 48 mil toneladas de produtos este ano, ante 41,5 mil em 2005.
A Total Alimentos, com sede em Campinas (SP), também apostou na certificação para ganhar mercado externo. O grupo obteve o HACCP há três anos e recentemente, conseguiu certificações para exportar à China e Japão. “No fim do mês a Total abre um escritório na China para facilitar a logística”, diz Alexandre Sanchez, gerente de vendas internacionais.
Ele afirma que o fato de o Brasil não ter gripe aviária e a doença da vaca louca torna a ração nacional atrativa. “Boa parte das rações para mercado pet são feitas com farinha de carne de aves ou carne bovina”.