Há cinco meses a renda média real do brasileiro vem caindo, segundo levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e da Fundação Seade em sete regiões do país. Entre fevereiro e março, a diminuição do rendimento médio dos assalariados foi de 1,9%, para R$ 1.422, enquanto para os ocupados a queda foi de 1,2%, para R$ 1.371.
O encolhimento da renda real nos últimos meses, de acordo com as entidades, reflete uma combinação de fatores, que inclui o avanço da inflação e as novas contratações com salários menores. “A inflação está corroendo o poder de compra da população em todas as regiões do país. Isso é preocupante porque já vimos como é importante termos um mercado interno forte. Foi isso que nos sustentou durante a crise global”, ressalta Patrícia Lino Costa, economista do Dieese.
Diante da retração da demanda por proteínas, fica claro que o grande vilão dessa história esta sendo a inflação. Segundo o economista Cláudio Rocha “a inflação afeta a população como um todo, porém, com intensidades diferentes, proporcional ao nível de renda familiar. As pessoas de baixa renda são as mais prejudicadas, pois utilizam grande parte dos seus rendimentos para adquirir produtos e serviços básicos, como alimentos, roupas e transporte. Para se ter uma ideia, essas pessoas comprometem, aproximadamente, 40% da renda, só com alimentação”.
Aliado a queda do preço da carne bovina, com recuo ontem para R$ 95 em São Paulo e queda também em Mato Grosso, em Mato Grosso do Sul e no Pará, o cenário está agravando também a venda de suínos e aves. Segundo a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) o recuo acumulado até a terceira semana deste mês foi de 8% para as carnes bovina e de frango, já a carne suína caiu 12%.
Declarações
“Com certeza estamos sentindo o peso de ter grande parte de nossas exportações voltadas apenas para um país. A situação com a Rússia está afetando diretamente o mercado interno, haja vista o volume de animais dos estados do sul vendidos em São Paulo, gerando excesso de oferta e refletindo no preço pago ao produtor, o que dificulta a manutenção dos valores de venda”.
Alexandre Cenci, presidente da DFSuin
“A situação para os produtores de Mato Grosso estão complicadas nas últimas semanas, com o produtor vendendo seus animais a um valor bem mais baixo que o custo de produção. Acreditamos que o jogo pode virar, mas para isso precisaremos de uma grande baixa nos custos, seja no milho ou na soja, ou um aumento direto na demanda”.
Custódio Rodrigues de Castro, secretário-executivo da Acrismat
A pressão dos frigoríficos aqui em nossa região está muito complexa, com dificuldade de fechar acordos que atendam as necessidades do produtor. O mercado está com muito animais, grande ofertas de outros estados produtores. Mas a expectativa é positiva para o início do mês de junho.
José Arnaldo Penna, vice-presidente da Asemg