Li, ontem, respeitável opinião sobre as necessidades brasileiras de infraestrutura para transporte de produtos agrícolas, onde afirmava-se que os investimentos devem ser direcionados para regiões do país onde a produção de grãos irá se expandir na próxima década.
Nos depoimentos colhidos para embasar os debates no 4º Fórum Nacional do Milho tivemos, relativamente à questão infraestrutura, duas importantes opiniões. Carlos Fávaro, Presidente da APROSOJA – MT, afirmou textualmente:
“No Mato Grosso, enquanto no caso da soja a logística representa 24% do valor do produto no porto, no do milho ela representa 44%. Para ensejar a movimentação da safra, algumas obras precisam ser tratadas como urgentes pelo poder público e iniciativa privada”.
O Presidente da Cooperativa Central Aurora de Santa Catarina, Mário Lanznaster, textualizou:
“A ausência de ferrovia está retirando a competitividade regional e fazendo empresas catarinenses migrarem para o centro do país. Custo de transporte, mantida a atual matriz, inviabilizará grandes empreendimentos do oeste catarinense”.
Lembro de declaração anterior do mesmo Presidente da referida Cooperativa Central demonstrando serem necessários 60 mil carretas com capacidade padrão de 30 toneladas para transportar o milho destinado anualmente à agroindústria do oeste catarinense e exemplificava que se estas carretas estivessem enfileiradas representariam um comboio de 1.500 km de extensão.
Estas duas posições demonstram que há necessidade de investimentos em infraestrutura para garantir escoamento das crescentes safras da região Centro-Oeste, principalmente do Mato Grosso. No entanto, mencionado escoamento não deve ser visto apenas como destinado ao exterior, mas também ao mercado interno.
Investir em portos, hidrovias, rodovias e ferrovias do chamado Arco Norte é fundamental. No entanto, ensejar o escoamento de produção para mercados consumidores de grãos no sul do país visando principalmente ao abastecimento de agroindústrias não é menos importante.
No caso de Santa Catarina, há pleito de extensão ferroviária ligando o oeste com os portos visando à exportação de proteínas animais.
Convém lembrar, também, que a extensão da ferrovia Norte-Sul aos estados sulinos é tão importante para o escoamento de grãos das novas regiões produtoras quanto para a manutenção de agroindústrias na região Sul.
Diante disto, convém que o exame dos investimentos destinados à implantação da necessária infraestrutura seja procedido com enfoque nacional e não apenas de escoamento da produção de novas áreas agrícolas com crescente produção.
Por Odacir Klein, advogado e profissional da área contábil. É sócio da Klein & Associados e coordenador do Fórum Nacional do Milho.
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