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Insumos ainda puxam o PIB do campo

<p>O PIB global do agronegócio apresentou uma expansão de 3,83% em razão das dificuldades enfrentadas pelo segmento agroindustrial.</p>

Redação (18/07/2008)- Os preços dos insumos continuam a crescer acima da expansão da renda do produtor, segundo pesquisa divulgada ontem pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea-USP). O Produto Interno Bruto (PIB) da agropecuária registrou avanço de 5,94% nos quatro primeiros meses do ano, mas o ritmo de crescimento do segmento de insumos chegou a 7,7% no período.

O PIB global do agronegócio apresentou, porém, uma expansão de 3,83% em razão das dificuldades enfrentadas pelo segmento agroindustrial. "A renda do produtor continua apertada", avaliou o superintendente-técnico da CNA, Ricardo Cotta. A produção primária, "dentro da porteira" das fazendas, cresceu 1,53% em abril, mas o PIB da agricultura teve leve desaceleração: a expansão no mês chegou a 1,82%, um pouco abaixo dos 2,2% registrados em março.

O PIB agronegócio manteve taxas altas, mas estáveis, em abril, com registro de ligeira desaceleração nos preços agrícolas. A agroindústria seguiu tendência de baixa, corroborando o tímido crescimento no ano (1,85%). A indústria de açúcar e álcool (-11,7%) continua a preocupar o setor em razão da manutenção dos preços em níveis inferiores ao ano passado. Na outra mão, a indústria de óleos vegetais (12,9%) segue com taxas positivas e contínuas de crescimento.

Embora o preço dos combustíveis tenha apresentado pequenas quedas, os segmentos de fertilizantes (53%) e rações (17,2%) permanecem com as cotações em alta. "Como resultado, a margens dos produtores seguem comprimidas", diz a pesquisa.

A CNA divulgou também uma estimativa para o Valor Bruto da Produção (VBP), que representa o faturamento para os 25 principais produtos do setor agropecuário. O VBP poderá somar R$ 284,9 bilhões em 2008, superando em 29% o faturamento de R$ 220,5 bilhões registrado em 2007, informou a CNA. A expansão da produção e a disparada dos preços internacionais justificam o cenário positivo. "Mas os altos custos da atividade neutralizam a possibilidade de maior renda ao produtor", disse Cotta. A CNA indica que o VBP da soja somará, em 2008, R$ 49,8 bilhões do total de R$ 176,1 bilhões previstos para o segmento agrícola. A economista Rosimeire dos Santos analisou que o aumento é gerado pela elevação de quase 55% nos preços da commodity na comparação a 2007. As cotações são sustentadas pela redução da oferta no mercado dos Estados Unidos em razão de problemas climáticos e pela forte demanda da China.

Com a recuperação dos preços do etanol no mercado internacional, a balança comercial brasileira registrou um superávit de US$ 28,2 bilhões no primeiro semestre. "Esse valor é suficiente para compensar o déficit de US$ 16,8 bilhões dos outros setores", disse Matheus Zanella, especialista em comércio exterior da CNA. Mesmo com queda no volume, as exportações do agronegócio atingiram US$ 33,8 bilhões até junho, 16,3% mais que no mesmo período de 2007. Em junho, os embarques somaram US$ 6,5 bilhões, um recorde para o período. As importações do agronegócio cresceram 42,7% em relação ao ano passado, somando US$ 5,6 bilhões.