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Interesse russo por carne brasileira move feira em Moscou

O embargo russo aos EUA e à UE tem duração de um ano. Mas essa janela é uma boa oportunidade para o Brasil se estabelecer enquanto alternativa de longo prazo.

Interesse russo por carne brasileira move feira em Moscou

Em conflito com Estados Unidos e União Europeia, a Rússia faz uma varredura no potencial do Brasil em busca de um grande fornecedor de alimentos, mostrou conferência em conexão direta com Moscou realizada nesta quarta-feira, em Curitiba, pela Universidade Positivo. Uma comitiva brasileira, que está na capital russa para uma feira internacional sobre alimentos, relatou que as palestras sobre “o que é que o Brasil tem” a oferecer estão mais lotadas do que nunca.

A 23.ª World Food Moscow começou segunda-feira e termina amanhã. Com mais de 1,5 mil expositores, é uma porta de entrada para o mercado russo. O pavilhão do Brasil foi instalado na área de carnes. Os participantes são de todos os continentes.

Além do churrasco servido gratuitamente, as palestras do Brasil estão lotadas e “mais da metade dos lugares são tomados pelos russos”, contou Pedro Viana, da Secretaria de Relações Internacionais do Agronegócio, que faz parte do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

O espaço no mercado internacional que se abre para os alimentos brasileiros, durante o conflito ligado à disputa pela Crimeia, vai de US$ 5 bilhões a US$ 10 bilhões, avaliou Gilberto Ramos, presidente da Câmara de Comércio Brasil-Rússia. Ele também falou de Moscou.

O embargo russo aos EUA e à UE tem duração de um ano. Mas essa janela é uma boa oportunidade para o Brasil se estabelecer enquanto alternativa de longo prazo, disse o empresário brasileiro João Prestes. Ele conversou com empresários em Moscou e mostrou que existe clima para investimento inclusive na Crimeia.

Os professores e alunos da Universidade Positivo questionaram a comitiva brasileira sobre a fidelidade do mercado russo. Os representantes do Brasil admitiram que Moscou pode voltar a importar carnes dos Estados Unidos e da Europa daqui um ano, mas que isso vai depender do grau de aproximação entre fornecedores brasileiros e importadores russos.

Hoje a principal barreira é a “falta de conhecimento mútuo”, disse Prestes. “O Brasil conhece a Rússia basicamente pelas informações que vêm da imprensa europeia e americana.” Essa falta de contato contínuo ocorre também entre organizações técnicas, acrescentou. O Brasil não vem sendo convidado a participar, por exemplo, dos grupos que definem regras sanitárias, apesar de posteriormente ter de cumpri-las como seus concorrentes.