A nova fase da Operação Carne Fraca, da Polícia Federal, batizada de Operação Trapaça e realizada na manhã de ontem, levou para a prisão o ex-CEO da BRF, Pedro de Andrade Faria, sob a acusação de que ele acobertou esquema de fraudes em amostras para burlar o sistema de controle sanitário do Ministério da Agricultura. Outros 10 executivos da companhia foram levados pelos agentes da PF, além de terem sido cumpridos mandados de condução coercitiva de 27 pessoas. Ao todo, foram cumpridos 91 mandados judiciais em São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Goiás.
O reflexo no valor das ações da companhia, listadas na bolsa paulista, foi grande. A BRF perdeu em um dia R$ 4,9 bilhões de valor de mercado, segundo a consultoria Economatica. As ações negociadas na bolsa paulista caíram 19,75% no pregão de ontem. Além disso, os novos desdobramentos da Operação Carne Fraca tiveram efeitos colaterais nas outras companhias do setor de proteína animal. As perdas de BRF, JBS, Marfrig, Minerva e Minupar somaram R$ 6,3 bilhões em um único dia.
Os pedidos de busca e apreensão foram apresentados pela PF junto à 1ª Vara Federal de Ponta Grossa (PR). A acusação contra Faria tem seu ponto de partida em um processo trabalhista movido em 2015 por uma ex-funcionária do departamento de controle de qualidade da fábrica de Mineiros (GO) – a mesma unidade que foi interditada temporariamente no ano passado em outra fase da Operação Carne Fraca.