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Economia

Investimento em commodities é o menor desde 2002

Novos investimentos em contratos lastreados em produtos agrícolas, metais e combustíveis somaram cerca de US$ 15 bilhões em 2011.

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O volume de novas aplicações financeiras nos mercados futuros de commodities no ano passado foi o menor desde 2002. Segundo levantamento realizado pelo Barclays Capital, os novos investimentos em contratos lastreados em produtos agrícolas, metais e combustíveis somaram cerca de US$ 15 bilhões em 2011, uma queda de 77% em relação a 2010.

Do total, US$ 14 bilhões foram aplicados em contratos lastreados em metais preciosos, como o ouro – uma espécie de bote salva-vidas em períodos de grande incerteza financeira. Os mercados agrícolas receberam pouco mais de US$ 600 milhões, um desempenho medíocre para um segmento que captou quase US$ 13 bilhões em 2010.

O segmento agrícola foi o que mais recebeu recursos no começo do ano. No primeiro trimestre, investidores colocaram mais de US$ 7,8 bilhões na cesta lastreada em futuros como os de soja, milho, trigo, açúcar, café, cacau e algodão. A tendência começou a mudar em maio, com o aumento das incertezas em relação à economia global, com saques superiores a US$ 2 bilhões em cada um dos trimestres seguintes.

O mercado de metais básicos, como cobre, alumínio e níquel, que registrou uma captação de US$ 6,8 bilhões em 2010, viu esse fluxo cair para a casa dos US$ 700 milhões no ano passado. O segmento de energia (petróleo, carvão e gás natural) teve um desempenho ainda pior. Depois de receber mais de US$ 20 bilhões em 2010, fechou o ano com um fluxo negativo de US$ 600 milhões.

Assim, o valor total da carteira de commodities encerrou 2011 em US$ 399 bilhões – um aumento de 5% em relação aos US$ 380 bilhões observados ao fim de 2010. Esse crescimento, resultado tanto da entrada de recursos quanto da valorização dos ativos, foi o menor desde 2003.

Os metais preciosos respondem por mais da metade desse valor – US$ 181 bilhões. Em energia estão aplicados outros US$ 115 bilhões. Em agricultura, US$ 87 bilhões e em metais básicos, US$ 16,8 bilhões.

Em relatório, os analistas do Barclays disseram que 2011 foi um ano de “volatilidade sem precedentes no que diz respeito à entrada e saída [de capital] das commodities”. O pessimismo em relação à economia global, os temores relacionados à dívida europeia e o medo de uma desaceleração brusca na China pesaram sobre o humor dos investidores.

Os analistas do Barclays acreditam que o fluxo de recursos para os mercados de commodities deve voltar a crescer em 2012, “mas não aos níveis elevados observados em 2009 e 2010” – naqueles anos, o fluxo de dólares somou US$ 77 bilhões e US$ 67 bilhões, respectivamente. “O alívio da situação europeia, combinado com o que esperamos ser uma estabilização econômica, deve assegurar um cenário positivo para os investimentos em commodities”, afirmam.

A instituição também acredita que a correlação entre os preços das commodities e de outros ativos financeiros deve diminuir em 2012. Por causa dos movimentos de manada, provocados pelo acirramento das preocupações em relação à economia, as tendências de preço em mercados distintos acabaram apresentando tendências semelhantes em 2011.

Para os analistas do Barclays, essa convergência tem levado muitos investidores a questionar o papel das commodities como um elemento de diversificação de seus portfólios, uma vez que elas terminaram reproduzindo a lógica dos negócios baseados simplesmente em maior ou menor apetite pelo risco. “Entretanto, acreditamos que um retorno gradual a condições [econômicas] mais normais vai permitir que a correlação entre as commodities e outras classes de ativos diminua em relação aos elevados níveis atuais”.