Redação AI (19/04/06)- O Grupo Asa Alimentos, controlador da empresa Asa Norte Alimentos, vai exportar frango pelo porto do Itaqui a partir de março 2007. A meta é embarcar em torno de 60 contêineres por mês – 2 mil toneladas de frango – para China, Arábia Saudita, Japão e Rússia.
O frango será abatido pelo abatedouro da Asa Norte Alimentos (em construção) na cidade de Aguiarnópolis (TO), na divisa com o Maranhão. O abatedouro, um investimento de R$ 26 milhões, entrará em funcionamento em janeiro de 2007. A previsão é abater 50 mil frangos por dia, dos quais 70% destinados ao mercado externo. A carga será transportada em caminhões até o terminal ferroviário da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), em Porto Franco, no município maranhense vizinho à Aguiarnópolis, localizado a 725 quilômetros de São Luís, de onde seguirá de trem até o Itaqui.
A exportação de frango pelo Itaqui pode significar a entrada do porto na rota dos navios contêineros, com possibilidade de surgirem linhas regulares e atrair novas cargas. “Vamos fazer uma prospecção de mercado para escoar também a carne do Mato Grosso”, adianta Márcio Araújo, chefe do departamento comercial da Empresa Maranhense de Administração Portuária (Emap), responsável pela administração do Itaqui.
O Itaqui tem a característica de ser um porto graneleiro. Há anos a Emap tenta viabilizar também a movimentação de cargas em contêineres, mas até então esbarra na falta de linhas regulares de navios que transportam contêineres por falta de cargas, embora o Maranhão exporte madeiras em lâminas de compensados e produtos acabados, utilizando os portos de Belém (PA) e de Fortaleza (CE). “A expectativa é que os produtos maranhenses passem a ser escoados pelo Itaqui e com mais linhas regulares ocorra o aumento do fluxo de navios”, observa Araújo.
As cargas em contêineres devem ser escoadas pelo berço 100 do Itaqui, cuja construção está em processo de licitação. A obra faz parte do projeto de ampliação e melhoria da infra-estrutura do porto, com investimentos de R$ 245 milhões. O início das obras está previsto para o próximo semestre. É parte da estratégia da Emap é transformar o Itaqui em porto para internalizar produtos importados, servindo como base de distribuição de mercadorias para o resto do país. Para dar sustentação à movimentação de carnes no Itaqui, está em planejamento a construção de um armazém frigorífico na retroárea do berço 100. O investimento estimado é de R$ 60 mil a ser feito pela Emap.
A partir desta semana, passa a funcionar no Itaqui o serviço de Vigilância Agropecuária Internacional, Vigiagro, órgão do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, responsável pela fiscalização de produtos de origem vegetal e animal em portos, aeroportos e fronteiras. Construída em convênio firmado entre o Departamento de Infra Estrutura e Transportes (Dnit) e a Emap, a sede do Vigiagro no porto custou cerca de R$ 110 mil.
Incentivos do governo do Tocantins e a proximidade com o porto foram alguns fatores que incentivaram o Grupo Asa a instalar o abatedouro em Aguiarnópolis, de acordo com o diretor da Asa Norte Alimentos, Paulo Galleti.
O projeto de construção do abatedouro está vinculado ao incentivo da produção de frangos, envolvendo na maioria pequenos produtores do Tocantins. Atualmente, são 62 produtores envolvidos na criação, cada um dono de um galpão com capacidade para 20 mil de frangos, que devem alcançar uma renda mensal livre de todas as despesas em torno de R$ 800, segundo Galleti. Os galpões foram financiados pelo Banco da Amazônia.
O Grupo Asa Alimentos – dono da marca Bonasa – possui ainda mais três abatedouros de frango no Brasil, sendo um em Braslândia (DF), um em Nova Veneza (GO) e outro na cidade de Paraíso, no Tocantins. Os três juntos abatem 70 mil frangos por dia, com meta de chegar a 100 mil unidades diárias até o fim do ano. Com produção voltada para o mercado interno, o grupo fatura em torno de R$ 20 milhões por mês.
Além de ser o de maior capacidade instalada, o abatedouro que está sendo construído em Aguiarnópolis vai significar a entrada do grupo no mercado internacional de comercialização de frango. Hoje, o grupo exporta mil caixas de ovos férteis para países da África, América do Sul e Europa.
A recente crise do setor de frango no Brasil, que enfrentou uma queda nas exportações em virtude da Gripe Aviária, não afetou os planos da Asa Norte Alimentação. “Sabemos que isso é um problema básico do mercado europeu. O consumo de frango já começou a reagir. O risco da Gripe Aviária vir para o Brasil é praticamente zero. O que vai acontecer é o nosso produto ficar mais valorizado”, observa Galleti.
Quando estiver em operação, o novo empreendimento vai proporcionar ao grupo Asa um incremento estimado em 80% no faturamento – R$ 30 milhões a R$ 35 milhões.