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Exportação

Japão proíbe compra de carne bovina do Brasil

Confirmação de caso "não clássico" de "vaca louca" no Paraná não altera status sanitário internacional do Brasil.

Japão proíbe compra de carne bovina do Brasil

Mesmo com a decisão da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE, na sigla em inglês) de manter o risco do Brasil para a encefalopatia espongiforme bovina – a doença da “vaca louca” – como “insignificante” depois da confirmação da ocorrência de um caso “não clássico” do mal no Paraná, um primeiro embargo comercial já surgiu. No sábado, o governo do Japão decidiu proibir a importação de carne bovina brasileira.

O país asiático importou 1,435 mil toneladas do produto do Brasil em 2011, e disse que vai procurar alternativas de suprimento em outros exportadores, como Estados Unidos e Austrália.

O secretário de Defesa Agropecuária do ministério da Agricultura do Brasil, Ênio Marques, informou ao Valor que o Japão está errado em embargar o produto brasileiro, uma vez que a OIE manteve o status do Brasil para a doença. A partir de hoje, o ministério enviará a uma dezenas de países documentos contendo todos os exames e testes para mostrar que não há risco algum de contaminação do rebanho brasileiro. “Se o Japão ou qualquer país insistir em embargo, teremos que acionar a Organização Mundial do Comércio [OMC]”, avisou Marques.

O secretário afirmou que a rotina de trabalho do ministério não será alterada depois da identificação da presença do príon, uma forma de proteína que é o agente patogênico da “vaca louca”, em um animal de 13 anos morto no Paraná em 2010. “Não haverá uma avalanche de testes ou coisas do gênero. O trabalho atual, que já é muito bem feito, será mantido. Vamos continuar testando animais que morrem de doenças nervosas ou casos suspeitos”, disse.

Inicialmente, suspeitava-se que o animal que causou o problema tivesse morrido de raiva, mas as primeiras análises obtidas pelo Ministério da Agricultura identificaram a presença do príon. O mal da “vaca louca” pode ser transmitida ao homem na forma da doença de Creutzfeldt-Jakob. A contraprova recebida na noite de quinta-feira confirmou o diagnóstico.

De janeiro a setembro, as exportações brasileiras de carne bovina alcançaram quase 900 mil toneladas, ou US$ 4,1 bilhões. Questionado sobre a demora na avaliação do material coletado do animal morto – mais de dois anos -, Marques explicou que, como o primeiro exame para raiva deu negativo, as amostras saíram da prioridade e foram para uma fila “comum”. No dia 12 de junho deste ano, foi realizado o primeiro exame que deu resultado positivo para a presença do príon. “Imediatamente, nós preparamos o material para ser enviado à Inglaterra para ser reanalisado e o resultado foi positivo para o agente causador”.

O caso foi considerado “não clássico” pelo ministério por uma série de fatores. O primeiro deles é a idade da vaca morta, muito avançada levando-se em conta que normalmente o mal atinge animais de até sete anos. O segundo é que o agente causador do mal da vaca louca foi identificado, porém o animal não morreu por causa da doença. Segundo o governo, o que “provavelmente” ocorreu foi um caso de mutação espontânea que gerou a presença do agente causador da doença no animal.

Para o secretário de Agricultura e Abastecimento do Paraná, Norberto Ortigara, o desfecho do caso de suspeita de ocorrência de “vaca louca” no Estado “significa um alívio”. “Vínhamos acompanhando com muita expectativa o desenrolar desse fato. É um caso único, decorrente de uma mutação”, acrescentou Ortigara.