O nome é estranho e muita gente desconhece a espécie. O javaporco, híbrido do cruzamento de javali com porco, tem causado prejuízos e transtornos aos agricultores de Rio Claro e região. A espécie foi criada para melhorar a qualidade da carne suína, porém, hoje está fora de controle. A falta de predadores naturais e a facilidade de reprodução do javaporco criou uma superpopulação que está criando um desequilíbrio ao ecossistema.
Não há dados oficiais sobre o número de javaporcos. Porém, de acordo com o engenheiro agrônomo Enéas Fergusson, diretor da Casa da Agricultura de Rio Claro, a população é grande e está causando prejuízos econômicos e ambientais irreparáveis aos proprietários rurais. O diretor conta que eles têm o pelo mais avantajado que o javali, são maiores e mais pesados e têm um aparelho bucal mais agressivo, com dentes mais afiados, o que causa temor entre os agricultores. Além disso, ele é selvagem e vive na mata. Segundo Fergusson, o javaporco tem hábitos alimentares noturnos e durante o dia gosta de lugares úmidos, instalando-se nas matas ciliares próximos aos rios e córregos, inclusive na Floresta Estadual Edmundo Navarro de Andrade.
O javaporco alimenta-se de quase tudo, porém, conforme Fergusson, as culturas mais prejudicadas foram milho, mandioca e cana de açúcar. O produtor José Robero Deliberali teve a lavoura de milho atacada por um bando de javaporcos. Segundo ele, seu prejuízo foi pequeno, porque grande parte da produção já tinha sido colhida. Porém, ele conta que seu tio está tendo grandes prejuízos e já perdeu quase toda a plantação de cana.
A propriedade em Batovi já foi atacada várias vezes e os javaporcos podem ser vistos pelo local. Geralmente, eles só vão embora quando não há mais comida. Segundo Deliberali, não há muito o que fazer porque os animais são violentos. Por onde passam, destroem quase tudo e, o produtor tem que se virar com o que sobra na lavoura. Outro produtor, Liberato Huefener Filho teve prejuízo de R$ 6 mil, referente com a perda de 200 sacas de milho. Sua propriedade foi invadida cinco vezes.
Além dos prejuízos causados às lavouras, o javaporco também tem espantado as capivaras que são nativas da região. O diretor Enéras Fergusson alerta as autoridades de saúde para o problema. Ele teme que os carrapatos das capivaras possam se hospedar nos javaporcos colocando em risco a saúde do homem do campo e também do meio urbano.
Os ataques dos javaporcos foi parar no Ministério Público. Fotos do animal e das lavouras destruídas foram encaminhadas à promotoria solicitando que seja feito um estudo sobre a quantidade dos animais existentes e os prejuízos causados por eles ao meio ambiente.