A presidenta da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), senadora Kátia Abreu (PSD-TO), disse ontem (30), no Rio de Janeiro, que a insegurança jurídica e a logística no País, que considerou “impraticável”, são desafios que o Brasil terá de vencer para que o agronegócio possa prosperar ainda mais.
“O grande desafio é planejar o agronegócio para 2020, tentar minimizar os gargalos para que nós possamos chegar lá como o maior produtor e maior exportador de alimentos do mundo. E nós temos condições para isso, de forma sustentável, sem precisar desmatar uma árvore. Basta nós implementarmos fertilização nas nossas áreas, elaborarmos grandes planos de negócios, direcionarmos os produtores para as atividades corretas, que nós podemos aumentar a produção”.
A senadora participou de solenidade comemorativa dos 115 anos da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), que foi o berço da CNA.
Destacou que documentos, decretos e instruções normativas, “que o governo emite todos os dias”, agravam a questão da insegurança jurídica no que diz respeito, por exemplo, às invasões de fazendas e ações do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Mas reconheceu que esses problemas têm sido minimizados pelo enfraquecimento do movimento, “devido ao descrédito que ele tem hoje na sociedade. Invasão é crime e a sociedade não abre mão disso”.
O crescimento da China em 2011, em torno de 8,5% não deve alterar as exportações brasileiras de alimentos, avaliou Kátia Abreu. Mas os preços internacionais não devem se sustentar. “Poderá ter uma queda [nos preços] das commodities. Isso é uma coisa natural que aconteça. Mas nós precisamos estar preparados para isso, porque crise é crise”.
Avaliou que a presidenta Dilma Rousseff a tem surpreendido de forma positiva na construção de um novo modelo de política agrícola para o país. Criticou, porém, que as preocupações do Executivo têm se concentrado ainda nas contingências de curto prazo, como câmbio, crédito e inflação, deixando de lado “questões cruciais, estruturais”.
“Se não partirmos para as reformas estruturantes”, como as reformas política, da Previdência e tributária, “o Brasil não vai andar como deveria”.
A senadora aproveitou a solenidade para criticar alguns órgão do governo federal que, na opinião dela, não cumprem o apapel que a sociedade espera e acabam se envolvendo em escândalos. Para ela, o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e a Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), entre outros, servem apenas “para desvio de recursos” e para nomeação de pessoas que não têm projetos nem compromissos com o país.