Não dá para entender. Ou dá, é descaso mesmo. Dono do maior rebanho bovino do Brasil e segundo na exportação de carne, Mato Grosso teme um colapso de ordem sanitária “principalmente nas regiões de fronteiras.” É um velho e gasto filme. Eu o assisto há 30 anos. Muda só os personagens.
Representantes das entidades pecuárias, como os da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), estão novamente mobilizados no Estado. Eles apresentaram um relatório das deficiências enfrentadas pelo Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea/MT), responsável pela vigilância sanitária e pela proteção da saúde do rebanho, solicitando providências. O documento foi entregue ao procurador-geral de Justiça, Paulo Roberto Jorge do Prado.
As entidades relatam que houve redução do orçamento destinado às necessidades do Indea, que não possui as mínimas condições de trabalho. “Há falta de recursos até para aquisição de materias básicos de atendimento às suspeitas de doenças infectocontagiosa suscetíveis ao rebanho do Estado.”
Segundo o documento, “o setor produtivo assiste atônito ao descaso com que o governo estadual vem tratando a defesa sanitária animal e vegetal, refletida no sucateamento do Idea.” Coisa séria.
Caros leitores: em 2012, Mato Grosso faturou mais de US$ 1 bilhão, repito US$ 1 bilhão com as exportações de carne bovina, suína e de frango. Com muito suor, o Estado conquistou o status de zona livre de aftosa com vacinação e livre da peste suína cl
ássica, e abriu mercados internacionais.
Na área da aftosa, que eu acompanho bem, Mato Grosso está há 17 anos sem registrar foco desse mal assustador. Repórter então da Folha de S. Paulo, me lembro do último caso de incidência da doença, em 1996, na cidade de Colider, a quase 700 quilômtros de Cuiabá. A repercussão foi mundial. Barulho, alerta máximo, mercados importadores apreensivos. Está tudo vivo na memória.
A pergunta é: o Estado de Mato Grosso vai baixar a guarda novamente?