O ex-ministro da Agricultura e coordenador do Centro de Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas (GV Agro), Roberto Rodrigues, disse, na quarta-feira, 12, que é recorrente entre os empresários a idéia de que o Brasil será rebaixado pelas agências de classificação de risco, diante do clima pessimista externo e de investidores com o País.
“Participei (nesta quarta-feira) de uma reunião com lideranças e empresários e a fase de lua de mel com o Brasil acabou. As pessoas olham para o Brasil com insegurança e o País deixou de ser um receptor de investimentos”, disse. “Não há mais o mesmo interesse e a vontade de investir aqui; a ideia de que a gente perderá espaço no grau de investimento é recorrente”, completou, ao Broadcast, serviço de informações da Agência Estado.
Na avaliação do ex-ministro da Agricultura, o que mais incomoda é o fato de o “desânimo” diante do cenário brasileiro superar a realidade. “(A economia) está ruim, mas não tão grave ainda. O estado de espírito é pior que a situação real, e esse estado de espírito pode piorar ainda mais a situação.”
Agroenergia
Rodrigues fez duras críticas à política do governo para a área de agroenergia, ou seja, a energia produzida principalmente com a queima do bagaço de cana, que poderia socorrer o sistema com oferta nos períodos de reservatórios com níveis reduzidos.
“Há uma incompetência terrível do governo na área de agroenergia. Só com a cogeração temos uma (oferta reprimida equivalente à usina de) Belo Monte no Estado de São Paulo. Mas os leilões (de energia nova) foram dirigidos para outras fontes”, disse ele.
Com os preços baixos, companhias do setor de açúcar e álcool evitaram ofertar energia nos leilões do governo. Sem a demanda do setor, Rodrigues lembra que as empresas produtoras de caldeiras para geração de energia térmica com bagaço da cana estão praticamente paradas.
Para o ex-ministro, a “prática desmente” as notícias de que não há risco de apagões no País. “Por enquanto, as notícias são de que não há risco de desabastecimento de água e de apagões estruturados. Mas a prática desmente isso. Não é generalizado, mas tem apagão aqui e ali.”