Redação (26/09/2007) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem (25/09) que espera alcançar até o fim do ano um acordo para retomar as negociações da Rodada Doha de liberalização do comércio mundial, apesar das barreiras que têm impedido o progresso das discussões desde que a iniciativa foi lançada há seis anos.
Lula baseou seu otimismo no aceno feito pelo presidente dos EUA, George Bush, que agora promete aceitar corte maior nos subsídios agrícolas americanos, um dos temas centrais das negociações. "Obviamente nós temos que chegar num número, mas o número está caminhando", afirmou Lula.
O presidente reconheceu que o avanço das negociações depende também de concessões do bloco de países em desenvolvimento liderado pelo Brasil e pela Índia. "O Brasil tem seus parceiros e também precisamos começar a mexer nossos números", disse, em entrevista a jornalistas brasileiros em Nova York.
Lula minimizou as resistências que o Congresso americano tem imposto ao progresso da rodada. Congressistas que representam Estados onde se concentra a produção agrícola americana deram vários sinais de que não aceitam cortes nos subsídios que beneficiam seus distritos eleitorais.
O Partido Democrata, que faz oposição a Bush e controla o Congresso desde janeiro, bloqueou a passagem de acordos comerciais assinados pelo presidente com Peru, Colômbia, Panamá e Coréia do Sul e não pretende dar a Bush a autorização legislativa especial de que ele precisa para concluir as negociações da Rodada Doha.
A oposição dos democratas torna muito difícil a conclusão da rodada ainda no mandato de Bush, que termina no ano que vem. "O mundo não pode esperar as eleições americanas", afirmou Lula.
Em discurso na abertura dos debates da 62ª Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Lula disse que os subsídios agrícolas americanos são "exorbitantes" e "inaceitáveis". O presidente teve um lapso ao ler o discurso na ONU e usou primeiro a palavra "inevitáveis" ao se referir aos subsídios, corrigindo-se depois.
Bush também mencionou o tema ao discursar na ONU. Disse esperar concessões de outros países para destravar a rodada: "As maiores nações comerciais do mundo, incluindo os principais países em desenvolvimento, têm responsabilidade especial para tomar a difícil decisão política de reduzir as barreiras comerciais".